Alta da carne faz mais pobres voltarem a temer inflação, diz FGV
Expectativa de aumento de preços para quem ganha até R$ 2,1 mil é de 5,8%
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Enquanto o consumidor espera que a inflação alcance os 5% nos próximos 12 meses, os brasileiros com renda familiar mensal de até R$ 2,1 mil aguardam uma alta de 5,8%. Os números fazem parte da Expectativa de Inflação do Consumidor, levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas). A inflação oficial do último ano foi de 4,31%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O principal responsável pelo aumento na expectativa é o preço das carnes, que ficaram 32,4% mais caras em 2019 devido, sobretudo, às altas de novembro e dezembro. "O preço dos alimentos tem um peso maior para quem tem uma renda mais baixa, por isso a percepção de aumento é maior para o grupo”, explica Renata de Mello Franco, economista da FGV.
O valor cobrado pelas carnes já começou a cair nos açougues em São Paulo. Em janeiro, o IPCA-15, levantamento que dá uma prévia da inflação, relativo à primeira quinzena de cada mês, mostra que este produto aumentou 3,13% no Brasil e 2,60% na capital paulista. Em dezembro passado, a variação era de 18,06% e 17,32%, respectivamente.
"Os consumidores perceberam aumento dos preços no fim do ano passado, mas enxergaram como algo passageiro. Só notaram a magnitude em dezembro e isso se reflete no levantamento de agora”, afirma a economista. Nos próximos meses, diz, a tendência é de diminuição das expectativas quanto à inflação.
A sondagem da FGV é feita com 2.100 pessoas residentes em sete capitais e mostra que quem tem renda familiar acima de R$ 9,6 mil projeta uma inflação na ordem de 4%. De acordo com a pesquisadora, há cinco meses que a projeção deste perfil está estabilizada neste índice. A faixa salarial que recebe entre R$ 4.800,01 e R$ 9,6 mil espera alta de 4,4%.
Expectativa de inflação por faixa de renda para este ano
Renda familiar | Expectativa |
Até R$ 2,1 mil | 5,80% |
Entre R$ 2.100,01 e R$ 4,8 mil | 5,60% |
Entre R$ 4.800,01 e R$ 9,6 mil | 4,40% |
Acima de R$ 9,6 mil | 4% |
Fonte: Ibre/FGV