Informais ficam sem receber 2ª parcela do auxílio emergencial de R$ 600
Beneficiários dizem que continuam cumprindo exigências do governo e que não conseguem resolver problema
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
Brasileiros inscritos no Cadastro Único do governo queixam-se de não terem recebido a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600.
A nova etapa de pagamentos teve início no dia 20 de maio para aqueles registrados na base de dados de programas sociais do governo —o CadÚnico— e no dia 18 para participantes do Bolsa Família. A partir de 30 de maio, recebem os demais grupos.
Beneficiários ouvidos pelo Agora relatam que, ao não receberem o pagamento na poupança social, consultaram os canais do Ministério da Cidadania. A resposta, dizem, é que não preenchem mais os requisitos para continuar recebendo o auxílio, mesmo não tendo havido mudanças em nenhum de seus critérios de elegibilidade.
Para ganhar o auxílio, não é permitido, por exemplo, já estar recebendo algum benefício previdenciário ou seguro-desemprego. Outra exigência é não ter emprego formal e nem ter renda familiar mensal superior a meio salário mínimo por pessoa e a três salários mínimos, no total.
O autônomo Jonas Rafael Carvalho de Brito, 31 anos, diz que recebeu a primeira parcela em abril e, de acordo com o calendário, a segunda deveria ter caído no último sábado (23).
“Nos aplicativos Auxílio Caixa e Dataprev, aparece que continuo como aprovado, mas o dinheiro não entrou. Fui na Caixa e a atendente me informou que tenho conta virtual, mas sem saldo.”
Ao ligar para o 121 do Ministério da Cidadania e para o 111 da Caixa, no entanto, Jonas diz que a mensagem replicada é de que ele não preenche mais os requisitos para continuar recebendo o auxílio emergencial.
"Os números não dão opção de falar com nenhum atendente, só mandam a mensagem automática. Já desinstalei e reinstalei os aplicativos Auxílio Caixa e Dataprev, mas continua a mesma coisa", queixa-se.
A auxiliar de enfermagem desempregada Joice Oliveira, 35 anos, enfrenta o mesmo problema. Ela diz que recebeu a primeira parcela em abril e que deveria ter recebido a segunda parcela no dia 20 de maio, mas o dinheiro não foi depositado.
"Liguei para o 111 no dia 20 e meu pagamento foi para 'processamento', sendo que nos aplicativos Caixa e Dataprev eu constava como aprovada. A partir do dia 21, o 111 já informava que não seria apta a continuar recebendo o auxílio."
Joice explica que está desempregada há seis anos, vive de pequenos trabalhos informais e se encaixa em todos os critérios de elegibilidade do auxílio.
"Todos os dias entro no site da Caixa, no aplicativo e na Dataprev e meu status não muda. Continuo aprovada, mas sem receber. Preciso comprar comida, pagar contas atrasadas e sem esse auxílio vai ser muito mais difícil", reclama.
Sem saída
Tanto a auxiliar de enfermagem quanto o autônomo queixam-se de, além de não conseguirem uma resolução do problema, também não conseguirem contestar o não recebimento da segunda parcela.
Isso, porque a contestação só é possível (por meio do aplicativo Caixa Auxílio ou site https://auxilio.caixa.gov.br) se o benefício não for aprovado. Como a primeira parcela foi, de fato, liberada e paga, essa opção não é viável para os beneficiários.
Em nota, o Ministério da Cidadania não respondeu aos casos mencionados na reportagem. Afirmou, no entanto, que parte das bases de dados utilizadas recebem atualizações e que "uma nova informação pode sinalizar uma possível divergência cadastral, sendo, então, priorizada uma reavaliação dos dados inseridos pelos requerentes".
A pasta diz ainda que, após o procedimento e, confirmada a elegibilidade do CPF, o pagamento é liberado.
"A evolução na verificação do processo é constante, onde são fundamentais a segurança e a agilidade para que os recursos cheguem aos que mais precisam", diz o órgão.