Em plena safra, preço do álcool dispara e passa de R$ 4 em SP
Pesquisa da ANP já indica postos vendendo o litro por R$ 4,99
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Em plena safra de cana-de-açúcar, o álcool combustível chegou às bombas no começo de maio com valores elevados. Segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), feita entre os dias 16 e 22 de maio, o preço médio do etanol na capital de São Paulo está em R$ 4,178, sendo que o preço máximo registrado ficou em R$ 4,999.
Normalmente, no período de colheita de cana e produção de álcool e açúcar, que dura de abril a novembro, o preço do etanol cai, mas não é o que está ocorrendo. Dentre os principais fatores que influenciam está o atraso da safra por causa da seca e maior produção de açúcar para suprir o mercado internacional.
“Estamos vendo uma coisa inédita”, diz José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo). “Os produtores atrasaram um pouco a safra por causa da falta de chuva e a produção foi baixa, mesmo que os números sejam maiores que do ano passado”, explica.
Entre outros motivos para a disparada do valor do combustível está a valorização do açúcar no mercado internacional e o elevado preço da gasolina. “Um agravante é o alto preço do açúcar no nível internacional. Para os produtores é melhor fabricar açúcar do que etanol para venda externa", diz ele.
"Além disso, depois de entregarem o limite mínimo de etanol ao governo, eles poderiam fazer a mais para gerar estoque e derrubar o preço, mas não aconteceu”, afirma Gouveia.
Outro fator importante a se ponderar é a alta da gasolina, segundo ele. “O problema da diferença de preço entre a gasolina e o etanol é sempre levado em consideração, e eles estão se aproveitando da fórmula de 70%”, ressalta o presidente do Sincopetro.
Nos dados mais recentes divulgados pelo Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo), os preços do mercado do etanol hidratado, que estava aquecido, começaram a se inverter no setor produtivo.
Além disso, o número de negócios e o volume comercializado caíram nos últimos dias, e o valor do álcool acompanhou esse movimento.
“A recente alta nas bombas, que acentuou a perda de competitividade do etanol hidratado frente à gasolina, reduziu a demanda pelo biocombustível, pressionando as cotações. Já a oferta do hidratado se elevou, aumentando a pressão sobre os valores”, diz o Cepea, à reportagem.
“Entre 17 e 21 de maio, o indicador do etanol hidratado fechou a R$ 2,9107/litro, recuo de 4,53% frente à média da semana anterior. A baixa mais expressiva desde o início da temporada 2021/22”, completa.
Apesar dessa queda, Gouveia não acredita em uma baixa nas bombas em um curto prazo. “O mercado do etanol é totalmente livre, não existe nenhum controle, assim como existe na gasolina e no diesel", diz.
"Eu não estou vendo espaço para eles baixarem o preço. Lógico que a gente gostaria porque, como todo bom comerciante, eu quero ter preço barato para vender mais litros. Mas não vejo uma baixa significativa tão próxima”, destaca.
Disparada do etanol | Em São Paulo
- Em plena safra de cana-de-açúcar, o etanol chegou às bombas no começo de maio com preço mais elevado
- Em geral, no período de colheita de cana e produção de álcool e açúcar, que dura de abril a novembro, o valor do combustível cai
Principais motivos da alta
1 - Atraso na safra
- Neste ano, houve um atraso na safra por causa da falta de chuva, que faz com que a cana renda menos e diminua a produção
2 - Mercado internacional
- O preço do açúcar no mercado internacional está alto, então os produtores estão preferindo produzir açúcar do que etanol
- Além disso, as usinas têm contratos internacionais para entregar açúcar, já fechados no ano passado, que sofreram atrasos
3 - Preço da gasolina
- Com o preço da gasolina em alta neste início de ano, é comum que o valor do etanol nas bombas também suba
Confira o preço dos combustíveis
- Pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) feita entre os dias 16 e 22 de maio
Valor etanol (em R$)
Cidade de SP
Preço médio | 4,178 |
Preço mínimo | 3,799 |
Preço máximo | 4,999 |
Estado de SP
Preço médio | 4,176 |
Preço mínimo | 3,199 |
Preço máximo | 4,999 |
Valor da gasolina
Cidade de SP
Preço médio | 5,402 |
Preço mínimo | 4,899 |
Preço máximo | 5,999 |
Estado de SP
Preço médio | 5,374 |
Preço mínimo | 4,597 |
Preço máximo | 6,099 |
Indicadores estão caindo
- Após duas semanas com o mercado do etanol hidratado aquecido, os preços começam a se inverter no setor produtivo, segundo o Cepea, da USP
- O número de negócios e o volume comercializado caíram nos últimos dias, e o valor do álcool acompanhou esse movimento
- A recente alta nas bombas, que acentuou a perda de competitividade do etanol hidratado frente à gasolina, reduziu a demanda pelo biocombustível, pressionando as cotações
- Já a oferta se elevou; entre 17 e 21 de maio, o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou a R$ 2,9107 o litro
- O preço representa queda de 4,53% frente à média da semana anterior; essa é a baixa mais expressiva para o etanol desde o início da safra 2021/22
Fontes: ANP (Agência Nacional de Petróleo); Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo); e José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo)