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O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), elevou novamente a taxa básica de juros da economia (Selic), na quarta-feira (27). A alta foi foi de 1,5 ponto percentual, fazendo com que os juros básicos cheguem em 7,75% ao ano.
A mudança afeta diversos investimentos no país, incluindo a tradicional caderneta de poupança. Com a elevação na Selic, há aumento de rentabilidade da chamada nova caderneta. Com auxílio de especialistas, o Agora mostra quanto deve render os valores investidos na poupança para quem tem R$ 100, R$ 500, R$ 1.000 e R$ 5.000.
Antes, a Selic estava em 6,25% ao ano, o que representava um rendimento de 0,36% ao mês e de 4,38% ao ano na caderneta de poupança para depósitos a partir de 4 de maio de 2012.
Agora, a rentabilidade (sem descontar a inflação) passa a ser de 0,44% ao mês e de 5,43% ao ano. A alteração também afeta outros investimentos de renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, CDB (Certificado de Depósito Bancário) e LCI (Letras de Crédito Imobiliário).
A reportagem consultou especialistas para simular o rendimento da poupança com valores aplicados há 12 meses. Os exemplos trazem o rendimento nominal, ou seja, sem o desconto da inflação.
Veja exemplos do rendimento da poupança
Antes (Selic a 6,25%) | Agora (Selic a 7,75% ao ano) | |||
---|---|---|---|---|
Valor aplicado | Ao mês | Ao ano | Ao mês | Ao ano |
R$ 100 | R$ 0,36 | R$ 4,38 | R$ 0,44 | R$ 5,43 |
R$ 500 | R$ 1,80 | R$ 21,90 | R$ 2,21 | R$ 27,13 |
R$ 1.000 | R$ 3,60 | R$ 43,80 | R$ 4,41 | R$ 54,25 |
R$ 5.000 | R$ 18 | R$ 219 | R$ 22,06 | R$ 271,25 |
Fontes: Marcelo Neves, consultor em economia e finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras); Samuel Torres, analista de investimentos da fintech Onze, e reportagem
O reajuste não vale para a chamada poupança velha, que diz respeito aos depósitos feitos até maio de 2012. Neste caso, a grana continua rendendo 0,5% ao mês e 6,17% ao ano.
Mesmo com ganhos maiores, a poupança, que é o investimento mais popular do Brasil, segue não sendo a melhor opção para quem deseja investir. Os especialistas indicam que papéis atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, são mais vantajosos, já que a inflação estão em alta. O índice acumulado nos 12 meses encerrados em setembro foi de 10,25%.
"Os investimentos atrelados à inflação garantem o rendimento do IPCA mais uma taxa de juros. Em termos de curto prazo, não tem como a Selic [e investimentos ligados a ela] se tornarem mais rentáveis do que [aqueles atrelados] à inflação", afirma Marcelo Neves, consultor em economia e finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).
Pela regra, quando a Selic é de até 8,5%, a poupança rende o equivalente a 70% da taxa básica mais TR (Taxa Referencial), do BC, que está zerada desde 2017. Porém, se os juros ultrapassarem esta barreira, as aplicações na caderneta passam a render 0,5% ao mês e 6,17% ao ano, mais TR.
E essa mudança pode ocorrer ainda neste ano. Isso porque o Copom, em comunicado publicado na quarta, sinalizou nova elevação de 1,5 ponto percentual dos juros em dezembro. Neste caso, a taxa chegaria a 9,25% ao ano. No último Boletim Focus, analistas projetaram a Selic em 8,75% ao ano em 2021.
Se isso realmente acontecer, colocar o dinheiro na caderneta pode se tornar mais vantajoso do que outros investimentos, uma vez que não há incidência do IR (Imposto de Renda), enquanto outras modalidades têm a cobrança do Leão, explica Neves.
Os investimentos que não são isentos nem sempre dão ganho real, ou seja, a quantia que o cidadão ganhou não supera o valor descontado pela inflação.
Segundo o buscador de aplicações financeiras Yubb, atualmente, nenhum dos investimentos acompanhados têm ganho real. A poupança, por exemplo, acumula redução de 3,24% nos ganhos. Isso significa que a cada R$ 100 de rendimento, a inflação "comeu" R$ 103,24.
Samuel Torres, analista de investimentos da fintech Onze, destaca que não é possível saber exatamente a trajetória da taxa Selic e do IPCA, que acaba refletindo nas decisões do Copom.
Mesmo com a lógica de que, se a inflação está alta, é necessário aumentar os juros para diminuir o consumo e, consequentemente, diminuir a pressão inflacionária, o Copom não tem elevado a taxa de juros na mesma velocidade.