Moradores prometem impedir reintegração na zona leste
Prazo para a saída dos moradores da favela do Cimento termina neste domingo
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Alguns moradores da ocupação irregular conhecida como favela do Cimento, encravada desde 2013 no entorno e abaixo do viaduto Bresser na Radial Leste até a rua Pires do Rio, na Mooca (zona leste), prometem resistir a reintegração de posse determinada pela Justiça neste domingo (24).
Parte deles, inclusive, estaria ameaçando famílias que pretendem deixar pacificamente a área que pertence à Prefeitura de São Paulo, autora da ação judicial interposta em outubro de 2015.
Ali, vivem centenas de pessoas, entre crianças, adultos e idosos, em péssimas condições de habitabilidade. Barracos de madeira improvisados e erguidos em cada espaço mínimo disponível à beira das vias públicas de intenso tráfego diário de veículos na região.
A reportagem esteve nesta sexta-feira (22) no local. O clima era de tensão e desconfiança por parte dos ocupantes. Muitos deles disseram que a ordem ali dentro era impedir a saída dos moradores, principalmente das famílias com crianças. Uma forma de escudo perante à Polícia Militar, segundo os relatos, para o dia da reintegração.
“Eles pretendem resistir e disseram que vão pra cima domingo. Não querem que a gente saía daqui antes”, contou um dos moradores desempregados, 47 anos, que mora na ocupação há dez meses.
O desempregado era um dos que pretendia deixar o local o quanto antes. “A gente precisa de um carreto para carregar os sofás, a geladeira e o fogão. Vamos para casa de uma amiga fora de São Paulo, mas o caminhão que a prefeitura vai trazer domingo é para nos levar no galpão. Mas a gente não quer”, diz.
Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, juíza da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, determinou a realização de audiências individuais de conciliação, que ocorreram de segunda-feira até sexta-feira (22).
No total, foram intimadas 184 pessoas. Até a última quinta-feira (21), 38 audiências foram realizadas, que geraram 29 acordos e nove sem consenso, segundo o TJ-SP (Tribunal de Justição de São Paulo). Em torno de 86 encaminhamentos foram feitos para unidades de acolhimento da prefeitura, com cadastros em programas de moradias junto à Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo).
O TJ também indeferiu o pedido de suspensão da reintegração de posse interposto pela Defensoria Pública de São Paulo. A ação ocorrerá com a presença da Polícia Militar, inclusive da Tropa de Choque.
Outro lado
A Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), afirma, em nota, que levantamento do município identificou 215 pessoas na área ocupada, entre elas, 66 crianças. Ainda segundo a administração municipal, o local é de alto risco, uma vez que apresenta situações de possíveis incêndios e atropelamentos. As famílias foram orientadas a aceitar a rede de acolhimento e a desocupar o local.
A operação terá, pelo menos, 150 servidores públicos, a fim que “ocorra de modo assistido e humanizado”. Os pertences das famílias serão levados a um depósito, onde ficarão guardados por tempo indeterminado. O município disponibilizará 20 caminhões para auxílio no transporte dos ocupantes.