Exercício com baquetas faz sucesso entre os idosos
Bateroterapia, que pode ser praticada gratuitamente, gera bem-estar e animação
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Baquetas não são só domínio irrestrito de roqueiros. Ultimamente, atraem também os idosos. Isso graças à bateroterapia, fusão rítmica da bateria com exercícios fisioterapêuticos e lúdicos voltados ao bem-estar e qualidade de vida dos idosos.
A nova mania para os maiores de 60 anos pode ser praticada no Sesc Avenida Paulista (região central). As aulas gratuitas ocorrerão nos dias 26 de abril e 3 de maio, das 10h30 às 13h. Para participar, é só chegar 30 minutos antes. O limite é de 25 vagas por aula.
A bateria costuma atrair olhares e ouvidos do público para cima do palco em um show. Exatamente o que atraiu um engenheiro químico aposentado, filho de japoneses. E também uma simpática dona de casa de 93 anos, a aluna mais idosa da oficina do Sesc Paulista.
Amália Seppi Rezende estreou na aula no início de abril, ao lado de uma de suas sobrinhas. E adorou. “Só pela risada já valeu a pena”, afirma a mãe de quatro filhos, avó de seis netos e bisavó de outros seis.
Mesmo com o apoio da cadeiras de rodas, Amália, que tem artrose nos joelhos, interagiu com baquetas e bexigas. No entanto, o problema de saúde provocou sua internação na véspera da aula do último dia 5. Assim que se recuperar, promete voltar firme e forte.
O engenheiro Jorge Inada, 69 anos, disse ter participado de uma banda de rock ainda na adolescência em São Paulo. Tocava guitarra, mas sempre gostou da bateria.
“Nunca tinha ouvido falar em bateroterapia. Minha mulher que chamou a atenção. Como gosto de música e ritmo, resolvi participar. Foi muito interessante”, conta Inada, que também participa das aulas de dança de salão no Sesc Paulista.
Aula com duração de uma hora prende atenção
O fisioterapeuta Rafael de Oliveira Abreu, 37 anos, de Santos (72 km de SP), defende a prática da bateroterapia para dar qualidade de vida ao idoso. “A começar pela atividade em grupo que serve como estímulo e contribui na sociabilização”, diz.
Com baquetas nas mãos, os alunos exercitam corpo e mente em ritmo de música. “Percebo que os idosos prendem a atenção em mais de uma hora de aula, resultado que a gente não consegue em um mês na clínica.”
Apesar de a bateroterapia trabalhar com outros públicos, o profissional diz que a terceira idade é o foco principal. “O desenvolvimento da função motora contribui para melhora das atividades de vida diária, tais como se vestir ou se alimentar.”
O uso das baquetas em atividades de equilíbrio com bexigas e bolas é, segundo ele, uma das etapas mais divertidas e desafiantes para os idosos
Interesse de aluno de 72 anos fez professor desenvolver técnica
No comando do curso de bateroterapia está o músico santista Gustavo Conde, o Gus, 39 anos, idealizador do método que nasceu há 16 anos nos Estados Unidos, quando o baterista e percussionista brasileiro morou no estado da Califórnia.
Lá, Gus dava aulas particulares de bateria, exatamente quando surgiu inusitado aluno, um idoso, com 72 anos de idade, que queria aprender a tocar o instrumento. “Percebi as dificuldades que ele tinha com a coordenação motora e a rotação do corpo”, conta.
A partir daí, o baterista desenvolveu, em parceria com universidade local, alguns exercícios específicos para auxiliar o novo aluno, desde alongamentos funcionais até trabalhos de coordenação motora a faixa de idade dele.
A bateroterapia ganhava corpo e alma. E adeptos por aqui. Como é o caso da analista de sistemas aposentada Maria Isabel Nishihara Komatsu, 59 anos. “Eu adoro as aulas. A gente desenvolve a coordenação motora, o equilíbrio, a memória, além dos exercícios de alongamento. Vai além da bateria”, diz.
Ex-obeso e hoje adepto da comida vegana, Gus levou para a bateroterapia parte de sua experiência de vida. Além das aulas, o instrutor promove palestras rápidas sobre temas como alimentação saudável.
Gus também afirma trabalhar a memória ativa de seus alunos com exercícios simples. “Eu recomendo que ao fim do capítulo da novela, a pessoa faça o resumo mental do que assistiu. Ou usar a mão esquerda, caso seja destro, para escovar o dente, varrer a casa ou mesmo mexer a comida com a colher de pau”, afirma o músico, que ganhou sua primeira bateria aos 3 anos de idade.