Pais reclamam de corte de transporte para a escola em São Paulo

Problema ocorre com crianças da zona leste que têm de enfrentar obstáculos a pé

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Pais de alunos do CEU (Centro Educacional Unificado) Alto Alegre, na região de São Mateus (zona leste), reclamam que a prefeitura pretende interromper o TEG (Transporte Escolar Gratuito) de quem já dispõe do serviço. Segundo familiares, a decisão pode colocar em risco as crianças e até impedi-las de frequentar a escola.

Crianças no caminho que precisam percorrer para chegar até a escola na região de São Mateus, na zona leste de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

Têm direito ao transporte gratuito alunos que moram a uma distância de 2 km ou mais da escola. Também se beneficia quem encontra barreiras físicas, como uma linha de trem, por exemplo. No caso dos alunos do CEU Alto Alegre, grande parte do caminho é feito em ruas sem calçadas, grandes ladeiras ou por uma trilha pelo meio de um terreno ocupado por sem-teto."

A direção falou que eu deveria procurar uma escola mais próxima, mas essa é a mais próxima", diz a dona de casa Marinilce Pereira Campos, 36, que tem três filhos, entre 5 e 9 anos, estudando no Alto Alegre. "Não dá para ficar cada um em uma escola diferente", afirma.

A costureira Amara Maria Moura da Silva, 64, também foi surpreendida ao fazer o cadastro no dia 23 e ser informada de que o neto de 9 anos havia perdido o direito ao transporte. "Tenho problema nas pernas e não posso levá-lo por essas ladeiras. Ele não tem como ir sozinho, porque é perigoso."Segundo Amara, uma vizinha paga R$ 120 mensais a um perueiro particular.

"Não tenho como pagar. Só recebo R$ 130 do Bolsa Família."O barbeiro Eric Batista de Siqueira, 32, é pai de um aluno de 5 anos e conta que o terreno por onde as crianças têm que cortar caminho é muito perigoso, onde ocorreu até morte. "Não deixaria ele passar sozinho e nem com a mãe dele", diz.

Segundo Siqueira, quando chove a situação piora. "Disseram na escola que teríamos que justificar as faltas e apontar a chuva como motivo", afirma.

Os motoristas e monitores responsáveis pelo transporte escolar estimam que o número de crianças atendidas cairá em 90% no CEU Alto Alegre após os cortes promovidos no local." Fomos informados que o CEU só estava dando o transporte para quem tinha laudo [criança que tem algum problema médico]", diz a monitora de transporte escolar Francineide Maria Ferreira de Araújo, 49 anos.

Segundo ela, a mudança vai colocar alunos em risco. "Os caminhos que os funcionários do CEU estavam indicando para as crianças passarem são feitos de buraco, mata e lama. Também são muito escuros, para quem sai no início da noite", diz.Pai de uma aluna de 8 anos, o costureiro Fernando Quispe, 29. "Ela teria que caminhar bastante. Não tenho condições de buscá-la e trazê-la para casa", diz.

RESPOSTA

A Secretaria Municipal da Educação, sob a gestão Bruno Covas (PSDB), diz que nenhum aluno que resida a partir de 2 km da escola ou que se enquadre nos critérios para o benefício ficará sem o transporte escolar gratuito.

"A unidade passa por recadastramento dos endereços após denúncia identificar que um funcionário e perueiros fraudavam os endereços para incluir situações fora das regras de transportes", diz.

"O funcionário está respondendo processo administrativo sob a acusação de receber propina para realização das fraudes e está afastado." Segundo a secretaria, uma reunião com os responsáveis está agendada. As aulas começam nesta quarta-feira (5).

Notícias relacionadas