Corregedoria da PM investiga se policiais feriram irmãos com balas de borracha na zona sul de SP
Ação ocorreu após policiais dispersarem com bombas de gás grupo que participava de festa; um dos irmãos foi ferido na boca e perdeu três dentes
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A Corregedoria da Polícia Militar investiga se PMs feriram dois irmãos com balas de borracha, dentro da casa deles, durante dispersão de uma festa na Vila Santa Estefano, distrito do Jabaquara (zona sul da capital paulista), no início da madrugada de quinta-feira (18).
Imagens feitas por familiares mostram policiais em frente à casa dos irmãos, de 20 e 23 anos, disparando balas de borracha. Um deles teve ferimentos na boca, com perda de três dentes, e o outro, no ombro. Esse é o quinto caso de violência policial no estado de São Paulo registrado em vídeos desde o último dia 12.
Os dois irmãos prestaram depoimento à Corregedoria da PM, no sábado (20). O ambulante de 23 anos afirmou que vendia espetinhos de churrasco em um carrinho, com o irmão, na rua José Rocha Mendes Filho, na noite de quinta-feira. Segundo ele, em uma quadra na mesma rua ocorria uma festa, iniciada após uma partida de futebol com times do bairro.
O ambulante afirmou à Corregedoria que policiais militares chegaram na rua por volta de meia-noite e jogaram bombas de gás em direção às pessoas que estavam na festa. Como houve correria, ele e o irmão resolveram retirar o carrinho de churrasco do local.
Antes de voltar para casa, o vendedor mais velho disse ter pedido a um policial que não usassem as bombas, pois havia crianças no local. Nesse momento, ainda segundo o depoimento à Corregedoria, os PMs começaram a agredi-los.
O vendedor mais velho afirmou ter conseguido se desvencilhar dos policiais, mas ao ver o irmão sendo agredido, já caído no chão, retornou e empurrou um PM. Em seguida, os irmãos correram para dentro de casa, ainda segundo relatado à Corregedoria.
Bomba e tiro dentro de casa
Os irmãs afirmaram que, assim que entraram em casa, viram muita fumaça e perceberam que PMs haviam lançado bombas de gás na residência. Outras pessoas que estavam na rua entraram no imóvel para fugir dos policiais, segundo depoimento.
O irmão mais velho relatou à Corregedoria que ligou o chuveiro para tentar dispersar a fumaça e foi até a garagem para avisar aos PMs que havia um recém-nascido na casa. Neste momento, segundo os ambulantes, o irmão mais velho foi ferido ferido no ombro esquerdo com um tiro de bala de borracha e caiu no chão.
O irmão mais novo foi tentar ajudá-lo, segundo o depoimento, e foi ferido com um disparo de bala de borracha na boca e outro na virilha. Ele teve três dentes quebrados. Um dos disparos dos policiais, segundo os irmãos, chegou a perfurar a chapa metálica de uma das janelas da casa.
Imagens feitas com celular mostram pessoas impedindo alguns policiais de entrar na casa dos irmãos, gritando que no local havia crianças.
Ainda de acordo com o relato dos ambulantes à Corregedoria, quando a mulher do irmão mais velho tentou sair da garagem, com bebê no colo, para fugir da fumaça, seu companheiro tentou impedi-la.
Neste momento, ele foi algemado e levado pelos PMs, com o irmão, ao pronto-socorro do Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya. O ambulante mais velho disse ainda que, antes de entrar na unidade de saúde, foi agredido com um tapa no rosto e ameaçado de morte por um dos policiais.
Após receberem alta, os ambulantes foram levados à 3ª Cia. do 3º Batalhão da PM, onde dizem que foram obrigados a assinar um Termo de Declaração, sem poder ler o documento. Em seguida, foram encaminhados ao 16º DP (Vila Clementino).
Resposta
A Polícia Militar afirmou que um Inquérito Policial Militar foi instaurado "para apurar as circunstâncias dos fatos". A corporação não informou se os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados das ruas.
Sobre o caso, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirma que policiais militares foram acionados à região do Jabaquara (zona sul) para verificar uma denúncia de disparos de arma de fogo. "Na chegada [ao local] passaram [policiais] a ser hostilizados e agredidos com paus, pedras, chutes e socos por populares, sendo necessário o uso de técnicas de controle de multidões", diz trecho da nota.
A nota da SSP diz ainda que os ambulantes feridos, chamados pela pasta de "agressores", "foram detidos e encaminhados ao 16º DP".