Confira sete filmes que retratam a infância

Longas trazem crianças em diferentes lugares e épocas

Cena do filme "Fanny e Alexander", de Ingmar Bergman - Divulgação

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São Paulo

Na França dos anos 1950, no Irã, na Suécia do início do século passado, na Espanha da ditadura de Franco ou em um monastério, em Minas Gerais e no fictício Limoeiro, bairro da Turma da Mônica. Não importa o cenário, a infância sempre esteve retratada no cinema.

Neste Dia da Criança, sugiro sete filmes que trazem os pequenos e a infância como tema central. Busquei longas mais antigos, alguns deles clássicos, e ao fazer a relação, notei que eram comuns as obras sobre a infância de meninos, mas raros os que tinham garotas como personagem principal —e, quando os filmes foram produzidos, não estão disponíveis nos serviços de streaming.

É o caso de “Vida de Menina”, longa brasileiro que retrata o cotidiano da garota Helena Morley, em Diamantina, no período após a abolição da escravatura. Este cenário tem mudado nos últimos tempos, com mais filmes sob a ótica das meninas. Por este motivo, incluí na lista o longa “Turma da Mônica - Laços”, de 2019, que traz a dona da rua mais querida do Brasil. Os preços e a disponibilidade nos serviços de streaming foram pesquisados no dia 8 de outubro.


Os atores Bahare Sediqi (à esq.), como Zahra, e Amir Hashemian, como Ali, em cena do filme iraniano "Filhos do Paraíso" - Divulgação

FILHOS DO PARAÍSO (1997) 
Este singelo filme iraniano, dirigido por Majid Majidi, parte de uma ideia simples e mostra como é possível fazer bom cinema e comover os espectadores sem grandes parafernálias. No longa, o garoto Ali perde os sapatos da irmã Zahra após buscá-los no conserto. A família das crianças é pobre, e o par perdido era o único que a menina tinha para ir à escola.

Ali pede para a irmã não contar aos pais sua falha, pois teme uma bronca, e empresta seus tênis surrados para a garota ir às aulas. Os irmãos passam a fazer uma espécie de revezamento com os sapatos: Zahra sai da escola correndo para encontrar Ali e dar a ele os tênis, para o garoto seguir para seu colégio.

Nesse vaivém, é impossível não se comover com esse pequeno drama e torcer para que Zahra encontre seus sapatos. Em uma cena memorável, a garota perde um dos pés dos tênis do irmão, muito largos para ela, em uma vala com água, e começa a ‘persegui-lo’, desesperada. Grande força do longa, a cumplicidade dos irmãos é envolta em doçura. Ali faz de tudo para aliviar a angústia de Zahra por não ter mais os sapatos de ir às aulas.

ONDE VER
iTunes: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 22,90 (compra)
Microsoft Store: R$ 5,90 (aluguel) e R$ 20,90 (compra)
Google Play: R$ 6,90 (aluguel) e R$ 29,90 (compra)
Premier Video: grátis para assinantes (procurar pelo título original, “Children of Heaven”)

Jean-Pierre Léaud (à frente) como Antoine em "Os Incompreendidos", de François Truffaut - Divulgação

OS INCOMPREENDIDOS (1959) 
Longa de estreia de François Truffaut, um dos principais diretores da nouvelle vague, se tornou um clássico. A trama retrata a vida do garoto Antoine (Jean-Pierre Léaud), que vive em Paris com os pais. O personagem aparece em outros quatro filmes de Truffaut, em outras fases da vida, sempre com Léaud no elenco. Em “Os Incompreendidos”, Antoine está perto da adolescência e tem de lidar com a falta de interesse dos pais, que o faz fugir de casa mais de uma vez, e com a rigidez das regras da escola. Ele passa a cabular aulas com um amigo, quando aproveitam para ir ao cinema e ao parque de diversões, e comete um delito que o leva para um reformatório de jovens.

ONDE VER
Telecine Play: grátis para assinantes

Pablito Calvo como Marcelino em cena do filme "Marcelino Pão e Vinho" - Divulgação

MARCELINO PÃO E VINHO (1955) 
Incluí este longa nas sugestões em uma homenagem à minha infância. “Marcelino Pão e Vinho” foi o primeiro filme a que assisti no cinema, ainda bem menina. Até então, só tinha visto desenhos animados. Nunca esqueci da história do órfão, criado em um monastério na Espanha. Ele vive a infância entre 12 frades, a quem diverte com suas travessuras. Certo dia, o garoto vai ao depósito do monastério, onde está uma escultura de Jesus Cristo. Marcelino acha que a figura parece ter fome, dá a ela um pedaço de pão e a escultura ganha vida. A partir de então, leva pão e vinho a seu novo amigo todos os dias. O filme recebeu o Leão de Prata do Festival de Berlim de 1955.

ONDE VER
Old Flix: grátis para assinantes

Samuel Costa como o personagem título de "Menino Maluquinho" - Divulgação

MENINO MALUQUINHO (1995) 
O clássico do escritor e cartunista Ziraldo foi levado às telas nos anos 1990. Coube ao garoto Samuel Oliveira interpretar o Maluquinho, o menino que, no final das contas, não era tão doidinho assim. Ele só teve uma infância feliz. O longa mostra as aventuras do garoto em seu dia a dia, entre os mimos da família e da empregada da casa, a escola, as brincadeiras com os amigos e a fazenda do avós, no interior de Minas Gerais, com direito a uma mesa repleta de guloseimas. É a infância retratada no livro de Ziraldo, com pureza, alegria e diversão. A cancão tema, “O Menino Maluquinho”, é do cantor Milton Nascimento. Quem se divertiu com o livro vai gostar da versão para o cinema.

ONDE VER
NOW: R$ 3,90 (aluguel)

Cena do filme "Fanny e Alexander", dirigido por Ingmar Bergman - Divulgação

FANNY E ALEXANDER (1982) 
O mestre Ingmar Bergman filmou a infância na Suécia do início do século passado, contando a história dos irmãos Fanny e Alexander, de família abastada da cidade de Uppsala. A vida tranquila e feliz das crianças muda quando o pai morre e a mãe se casa novamente. O padrasto é um religioso muito rígido, que impõe regras severas, impedindo até que as crianças tenham livros e brinquedos. Para enfrentar tanta rigidez, Alexander recorre à sua imaginação. Até que a mãe das crianças se dá conta da situação e tenta levá-las para a casa da avó paterna. O longa recebeu quatro Oscar em 1984: melhor filme estrangeiro, fotografia, direção de arte e figurino.

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Cena do filme "Cria Cuervos", do diretor espanhol Carlos Saura - Divulgação

CRIA CUERVOS (1976) 
O diretor espanhol Carlo Saura usa o final da ditadura de Franco como cenário para esta obra sensível, essencialmente feminina, que tem como personagem principal a menina Ana. Na trama, a garota perde a mãe e o pai em um curto período e, com suas duas irmãs, vai morar na casa de uma tia. As garotas têm, então, de se adaptar à nova vida, enquanto Ana desenvolve uma predileção sobre os assuntos ligado à morte. A atriz Geraldine Chaplin, filha de Charles Chaplin, interpreta Ana adulta, que relembra sua infância, e a mãe da garota. O longa recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes em 1976.

ONDE VER
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Arte 1: grátis para assinantes

Cena do longa "Turma da Mônica: Laços", lançado em 2019 - Divulgação

TURMA DA MÔNICA: LAÇOS (2019) 
O filme é recente, mas não há como deixá-lo fora destas sugestões. Afinal, a Turma da Mônica fez parte da infância de muitos brasileiros. Neste longa, os personagens tão amados ganharam vida de forma convincente. Mônica é interpretada pela atriz Giulia Benitte. No filme, Floquinho, o cão de Cebolinha, desaparece, e a turma sai em busca do bichinho. Na trama, não faltam os planos infalíveis de Cebolinha, o medo da água de Cascão e a predileção de Magali por comida. Um filme para toda a família: as crianças vão adorar a turma, e os adultos, relembrar sua infância.

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Telecine Play: grátis para assinantes
NOW: grátis para assinantes
iTunes: R$ 9,90 (compra)

Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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