Moradores do limite entre a zona leste da capital paulista e Itaquaquecetuba (Grande São Paulo) reclamam da falta de iluminação na rodovia João de Souza Afonso Castelano, no lado da cidade da região metropolitana. Isso estaria resultando em falta de segurança e contribuindo para acidentes. Um garoto de 14 anos morreu atropelado no local no início de setembro.

O servidor público Euclides Mendes, 49, líder comunitário na região do Itaim Paulista (zpna leste), afirmou que, do lado da capital, a iluminação não é um problema. Porém, no lado de Itaquaquecetuba que a situação muda. “Não é só por causa do tráfego. A falta de iluminação também ajuda a dar muita insegurança. No lugar onde o menino foi atropelado, por causa da falta de iluminação, ocorre muita prostituição e há o risco de ser assaltado.”

O acidente de trânsito mencionado por Mendes ocorreu com o adolescente Bruno Marques Barbosa, 14 anos. O jovem morreu após ser atropelado, quando andava de bicicleta, na noite de 2 de setembro, no lado da via que passa por Itaquaquecetuba. A falta de iluminação teria contribuído para isso, segundo parentes do jovem.

O funcionário público Sérgio Rodrigues Lima, 51, padrasto do adolescente, afirmou que o rapaz trafegava pela rodovia e não foi visto a tempo por um frentista, de 44 anos, por causa da escuridão do local. O suspeito guiava um GM Monza.

Em depoimento à polícia, o frentista admitiu guiar sem carteira de habilitação, argumentando que não conseguiu desviar do adolescente, logo após conseguir visualizá-lo na via. "[O suspeito] viu um menino com bicicleta no meio da pista, tentou desviar, mas como tinha outro veículo ao lado e também estava vindo outro na outra direção, não conseguiu evitar e atropelou a vítima”, diz trecho de boletim de ocorrência.

O frentista, logo após o atropelamento, acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que constatou a morte do jovem ainda no local. Segundo certidão de óbito, o jovem morreu em decorrência de um traumatismo crânio encefálico. O motorista foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e responde ao caso em liberdade.

Barbosa morava com a mãe e o padrasto na região do Itaim Paulista, que faz limite entre a zona leste da capital paulista com Itaquaquecetuba.

Ambos afirmaram ao Agora que, caso houvesse iluminação no local, o acidente poderia ter sido evitado, ou ocorrido com menos gravidade. “Além da falta de luz, um radar [de trânsito] foi retirado há uns dois anos [do local onde o adolescente foi atropelado]. Por isso, ninguém respeita o limite de velocidade de 60 km/h”, afirmou o padrasto da vítima.

O homem acrescentou ainda que um policial militar, que atendeu à ocorrência, lhe afirmou ocorrerem constantes acidentes na região, por causa da falta de iluminação. Dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), indicam que ao menos 13 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Itaquaquecetuba, entre janeiro e agosto deste ano.

A mãe do adolescente, a copeira Maria Regina Marques Rodrigues, 39, destacou que o filho costumava andar de bicicleta, junto com os amigos, em uma praça próxima ao local do acidente. “Ele tinha trabalhado o dia todo vendendo trufas. De noite, um amigo dele insistiu para eles saírem. Eu sempre reclamava quando isso acontecia. A única vez em que não repreendi meu filho para sair, ele não voltou mais para casa,” lamentou.

Resposta

A Prefeitura de Itaquaquecetuba, gestão Mamoru Nakashima (PSDB), afirmou existirem radares móveis instalados no local do acidente. O governo enviou imagens que teriam sido captadas pelos equipamentos, durante o dia, na região onde houve o atropelamento do adolescente. “Com relação à iluminação, a administração tem realizado a manutenção no local”, diz trecho de nota.

A EDP Bandeirante, empresa responsável pela distribuição de eletricidade no município da Grande São Paulo, afirmou que a prefeitura administra diretamente a iluminação pública da cidade.