Tragédia na estrada impressiona médico de UTI no interior de São Paulo

Gabriel Ortega, que trabalha na Santa Casa de Misericórdia de Taquarituba, ajudou no atendimento a vítimas de acidente que matou 41 pessoas nesta quarta-feira (25)

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São Paulo

O médico Gabriel Ortega, 34 anos, estava no seu plantão na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Santa Casa de Misericórdia de Taquarituba (328 km de SP), quando, por volta das 7h30 desta quarta-feira (25), foi avisado que teria de atender vítimas do acidente que matou 41 pessoas, após a colisão entre um ônibus e um caminhão, na altura do km 171 da rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, entre Taquarituba e Taguaí (347 km de SP).

Ortega conta que ficou impressionado com a dimensão da tragédia. "Nunca tinha visto algo assim", afirmou ele, que disse ter cinco anos de carreira.

Um acidente entre um ônibus e um caminhão deixou ao menos 41 mortos na manhã desta quarta-feira (25) em Taguaí, no interior de SP - Reprodução/TV Globo

O acidente ocorreu por volta de 6h30, segundo a Polícia Militar, De acordo com o Corpo de Bombeiros, 37 vítimas morreram no local do acidente e 14 pessoas foram socorridas e levadas para hospitais. Destas, três não resistiram aos ferimentos.

Cerca de 20 minutos antes da chegada da primeira vítima, o médico conta que havia conversado com uma paciente de 74 anos, dando a boa notícia de que ela teria alta, após uma breve internação por suspeita de Covid-19 —o que foi descartado após exames. Mas depois teve de encarar o clima tenso na UTI da Santa Casa de Misericórdia, onde trabalha há três meses, por causa do acidente.

Ortega, que também é especialista em medicina interna, afirma que presenciou dois homens chegarem mortos ao pronto-socorro, enquanto uma mulher de 28 anos e outros dois homens, de 23 e 26 anos, foram infernados em estado grave na UTI da unidade.

“A mulher infelizmente não resistiu, em decorrência de traumatismo crânio-encefálico, o mesmo diagnóstico dos dois homens”, afirmou o especialista por telefone à reportagem.

Os dois homens gravemente feridos, acrescentou o médico, foram transferidos para um hospital em Avaré “onde há mais estrutura.”

Governo promete intensificar atendimento

Por meio de nota, o governo de São Paulo, gestão João Doria (PSDB), informou na tarde desta quarta-feira (25) que mobilizou equipes e hospitais para garantir atendimento às vítimas da tragédia no interior paulista. Ao todo, 14 pessoas foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros, mas três delas morreram antes de chegar às unidades hospitalares.

Os 11 sobreviventes, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, foram levados a hospitais da região. Cinco deles serão transferidos para unidades com atendimento mais complexo, sendo dois para o Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e outros três para a Santa Casa de Avaré.

O helicóptero Águia da base de Campinas (93 km de SP) está prestando apoio às equipes locais, executando trabalhos de remoção e transferência.

A secretaria pede à população que doe sangue no Hemocentro de Botucatu (238 km de SP) para ajudar no tratamento dos sobreviventes.

"O abastecimento está em estado crítico, portanto doadores de todos os tipos sanguíneos podem doar e ajudar a salvar vidas. O principal apelo é para os tipos O+ e O-, especialmente este último por ser considerado doador universal (pode ser doado para pessoas de qualquer outro tipo sanguíneo). Pacientes dos tipos AB+ podem receber sangue de qualquer tipo", diz a secretaria.

O Hemocentro de Botucatu funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30 e aos sábados, das 7h às 12h. Agendamentos podem ser feitos pelo telefone (14) 3811-6041 (ramal 240) e WhatsApp (14) 99624-7055 e (14) 99631-5650.

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