Voltaire de Souza: Direto na veia
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Vacinas. Insumos. Equipamentos.
Na luta contra a Covid, está tudo em falta.
No Hospital Santa Ismênia, o dr. Marco Aurélio estava pessimista.
—Oxigênio no fim.
A enfermeira Ordália ficou com os olhos marejados.
—Assim eu vou chorar.
Marco Aurélio teve um sorriso triste.
—Guarda as lágrimas num vidrinho.
—Como assim, doutor Marco Aurélio?
—Serve de soro fisiológico.
Outro relatório apareceu no laptop.
—Anestésico. Entrega interrompida.
O doutor Marco Aurélio tentou manter a tranquilidade.
—Vamos recorrer à iniciativa privada.
—Mas como, doutor Marco Aurélio?
—Falar direto com o fornecedor.
Os dedos habilidosos do cirurgião teclaram no celular.
—Beto? É você? Há quanto tempo, hein... Haha.
A reunião foi marcada.
—Terminal 5 do aeroporto? Beleza.
Marco Aurélio voltou com uma caixa de isopor.
—Heroína. Cocaína. LSD.
Beto oferecera os entorpecentes com um financiamento camarada.
—Em nome de nossa velha amizade.
Ordália ficou sem saber o que fazer.
—Injeta, minha querida.
—Nos pacientes?
—Em mim, Ordália. Em mim.
Quando a crise aperta, a realidade foge pelo tubo.