Voltaire de Souza: Lixo para todos
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Luta. Detrito. Mobilização.
Os lixeiros paulistanos fazem seu protesto.
—Cadê nossa vacina?
Trabalhadores arriscam a vida para manter os serviços essenciais.
Elpídio era um antigo militante sindical.
—Olha só… quanto saco de lixo.
Ele morava num pequeno apartamento em Santa Cecília.
—A culpa é do consumismo da classe média.
Elpídio tomou mais um gole de conhaque.
—E o maior lixo ainda não foi retirado.
Ele deu o grito.
—Põe o Bolsonaro nesse saco.
Era grande a sua revolta.
—Desse lixo ninguém se livra.
Na parede, o retrato de Che Guevara ouvia em silêncio.
—Falta consciência no nosso povo.
Faltava também conhaque na garrafa.
—Desço para comprar mais uma… e jogo a garrafa fora.
Os passos incertos de Elpídio se dirigiram à calçada.
Uma mendiga de certa idade buscava alimento na lixarada.
Veio a visão.
—Dilma? É você? Chegamos a isto?
A anciã sorriu.
—Olha o que eu achei. Um monte de cloroquina.
Não era a ex-presidente.
Era a Bilu. Conhecida habitante do Baixo Minhocão.
—Com essa cloroquina, até eu participo da Copa América.
É como diz a sabedoria popular.
Cada um com sua cachaça.