Projeto na zona leste de SP arrecada computadores para doações

Voluntários fazem manutenção nos equipamentos que são entregues a estudantes da capital

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São Paulo

Ajudar na inclusão digital. Esse é um dos papéis que o Projeto Social Equipe Filhotes, de Itaquera (zona leste), incorporou em 2020 após o aumento na demanda de estudantes que precisavam acompanhar aulas online em virtude da pandemia da Covid-19 e não tinham condições para fazer isso.

Atento a necessidade, o educador físico e presidente da ONG (organização não governamental), Erick Peterson Marques, 39 anos, reuniu voluntários que trabalham com tecnologia da informação para arrumar computadores doados para o projeto.

O educador físico e presidente do Projeto Social Equipe Filhotes, de Itaquera (zona leste), Erick Peterson Marques, 29 anos - Rivaldo Gomes/Folhapress

Com a entrada dos amigos especialistas em informática, Erick iniciou uma nova campanha, onde divulgou a necessidade de se compartilhar os objetos eletrônicos em desuso para que outras pessoas pudessem usufruir dos aparelhos.

Segundo ele, a maioria das doações foram de pessoas físicas, mas também ocorreu a ajuda de empresários após troca de equipamentos de seus negócios.
“A seleção de quem vai receber a doação é minuciosa”, afirma Marques.

Segundo ele, uma visita é feita nas comunidades e as pessoas que receberão os equipamentos precisam comprovar que realmente necessitam dele.

Marques diz que a Equipe Filhotes beneficiou cerca de 90 pessoas com a doação de computadores.

A Equipe Filhotes surgiu em 2009 depois de um sonho que o educador físico teve com crianças. “Falei para minha mãe eu tinha tido esse sonho e ela falou para eu voltar a dormir. Mas no dia seguinte acordei e achei que tinha que agir. Peguei o dinheiro de uma rescisão de um trabalho que eu havia saído, cerca de R$ 2.000, ela depois me deu mais R$ 2.000 e fui no Brás [centro], onde comprei 400 brinquedos. Me vesti de papai noel e os entreguei”, afirma.

O projeto cresceu e hoje a ONG doa alimentos, vestuário, higiene pessoal, entre outras coisas. No escritório da associação há um caderno com dezenas de nomes de pessoas e famílias que precisam doação e do que necessitam.

Colégio recebe 172 equipamentos de união entre governo e instituto

A Escola Estadual Ruy de Mello Junqueira, na Cidade Tiradentes (zona leste), foi uma das beneficiadas pelo projeto “Abra sua gaveta, doe”, uma parceria da Secretaria da Estadual da Educação com o Instituto Península e Parceiros da Educação. O colégio de 1.640 alunos, que vão dos 13 até mais de 50 anos, recebeu 172 equipamentos, que ajudaram bastante a quem não tinha como acompanhar os estudos em 2020.

O aluno Carlos da Costa e a diretora Rosângela dos Santos, de escola na zona leste de SP - Ronny Santos/Folhapress

“A partir da doação, convoquei o conselho de escola. Na reunião, determinamos os critérios, que envolviam os alunos com maior vulnerabilidade de acesso à tecnologia”, conta a diretora Rosângela Simões dos Santos, 47 anos

Segundo Rosângela, muitos alunos deixaram de acompanhar as aulas e, durante o processo de busca ativa, comentavam a respeito das dificuldades com a falta de equipamentos para seguir o ensino pela internet. “Eles diziam que não havia um aparelho em casa, que quebrou, foi furtado ou os pais chegavam tarde do trabalho”, diz.

Foi um tablet que ajudou o estudante Carlos Henrique Borges da Costa, 17, a dar continuidade aos estudos no colégio. O único celular do qual ele dispunha não era suficiente para acompanhar as aulas e realizar as atividades simultaneamente.

Costa conta que as dificuldades em meio à pandemia são muitas. “Não conheço ninguém que se afastou [definitivamente das aulas], mas que pensou em se afastar para arrumar emprego. Dificultou muito para alguns”, conta.

Governo busca modelo híbrido sustentável

A coordenadora do Centro de Mídias SP, da Secretaria Estadual da Educação, Bruna Waitman, afirma que o uso da tecnologia veio para ficar e que não dá para abrir mão disso de agora em diante.

“Uma coisa que estamos apostando muito é na melhoria do parque tecnológico das unidades, para construir um modelo sustentável de ensino híbrido. A gente tem investido muito”, explica a coordenadora.

Segundo Bruna, mesmo quem não tinha computador não ficou totalmente desamparado em meio às aulas remotas. “Para o aluno que tem computador e celular, desenvolvemos um aplicativo. Para o aluno
que não tem, a gente disponibilizou dois canais de TV aberta digital”, diz.

A especialista em educação diz que, além do “Abra sua gaveta, doe”, que disponibilizou mais de 1.600 equipamentos para dez escolas no estado, também ocorreram contribuições as mais diversas, como de plataformas para realizar curso preparatório para o Enem. “É uma forma menos óbvia”, afirma.

Apesar de tanta inovação, a coordenadora afirma que as aulas presenciais ainda são essenciais e que a tecnologia pode ser um complemento às atividades.

Com relação à doação de equipamentos eletrônicos, a reportagem apurou que as empresas que recebem esses produtos estão encontrando muitas dificuldades por causa da pandemia.

Segundo elas, grande parte das doações é feita por outras empresas que resolvem trocar seus equipamentos por mais novos. Com o home office, muitas vezes é difícil até encontrar o contato responsável pela substituição.

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