Voltaire de Souza: O serviço não se interrompe

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Voltaire de Souza

Rubi. Esmeralda. Turquesa.
Pedras preciosas?
Não. A realidade é outra.
Linhas de trem paradas na cidade.
Aldeína suspirou.
—Logo hoje.
Ela tinha arranjado um serviço de doméstica.
—E já começo atrasada.
O celular estava sem sinal.
—Não vou nem conseguir avisar o dr. Doroteu.
O ancião morava sozinho em Higienópolis.
—Limpeza, cozinha… ele não tem ninguém.
Graves problemas de saúde.
—Não sai de casa desde 2011.
O celular voltou a funcionar.
—Alô… é o dr. Doroteu?
—Hã? O quê? Quem?
A comunicação estava difícil.
—Bom. Seja o que Deus quiser.
Aldeína só chegou em Higienópolis perto do meio-dia.
—Preparada para a bronca.
Ela tocou a campainha da porta de serviço.
Silêncio total.
O zelador José Carlos providenciou a chave.
O dr. Doroteu dormia serenamente.
—Olha só… acho que veio uma enfermeira aqui faz um tempinho.
—Ué. Não era eu quem ia fazer o serviço?
Estavam abertas as gavetas do quarto.
Limpeza completa. José Carlos coçou a cabeça.
—Disseram que era vacinação a domicílio.
Relógio de ouro. Anel de rubi.
A vacinação, como um trem, atrasa.
Já a ladroeira começa antes da picada.

Pedras preciosas - Pexels