Às vésperas do relaxamento das regras em SP, baladeiros se aglomeram e ignoram a máscara
O frio foi mais intimidador que o novo coronavírus na região central da cidade
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O frio de 13°C da noite desta sexta-feira (13) ajudou a reforçar a necessidade de isolamento social, deixando pontos clássicos da boêmia da região central e adjacências da capital paulista praticamente desertos. Porém, algumas exceções ocorreram, nas quais centenas de pessoas se aglomeraram, sem máscaras.
Até segunda-feira (16), comércio, bares e restaurantes podem abrir até a meia-noite com 80% da capacidade de público. Já a partir de terça (17) não haverá mais limite de horário e de pessoas. Mas ainda será necessário manter o distanciamento social e o uso de máscara.
As ruas Frederico Abranches, Doutor Cesário Mota Júnior e Canuto do Val, pontos clássicos de aglomeração de frequentadores da noite paulistana, estavam praticamente sem movimento. Mas a rua Maria Antônia, na mesma região, concentrava dezenas de pessoas sem máscara de proteção, aglomeradas e em frente a um bar.
Majoritariamente jovens, parte deles estava literalmente na rua, conversando, próximos uns aos outros, em uma descontração semelhante a de tempos pré-pandemia. Perto deles também estavam alguns ambulantes, como um vendedor de milho, que não se identificou. "O movimento caiu muito desde o início da pandemia. Mas faz uns dois meses que tá voltando, mas ainda tá tímido", disse.
Outro bar, na rua Bento Freitas, também aglomerava dezenas de pessoas, todas sem máscara, por volta das 22h. O local, porém, contrastava com o entorno, sem nenhuma pessoa, com a exceção de um boteco vizinho, com poucos clientes, também sem máscara.
Uma atendente do comércio comentou que o movimento ficou "menos ruim" há cerca de dois meses. "Mas o que está girando [de dinheiro] é só para fechar as contas no fim do mês", acrescentou.
A reportagem circulou de carro sem dificuldade, por cerca de dez minutos, pelas principais vias da região central, todas vazias, até que três grandes aglomerações chamaram a atenção na rua Dom José de Barros, no centro histórico.
As pessoas concentradas na rua dançavam ao som de samba, música étnica e também eletrônica, cada gênero tocado em três pontos isolados da via, nos quais havia centenas de pessoas. Em comum apenas a falta da máscara de proteção.
Além dos frequentadores, nesta rua havia um número maior de ambulantes, a maioria de bebidas alcoólicas. Alguns vendiam alimentos como milho cozido e espetinhos na brasa.
Em nenhum momento a reportagem constatou a presença de fiscalização para o cumprimento de medidas sanitárias de prevenção à Covid-19.
A cerca de sete quilômetros de distância, na esquina das ruas Mourato Coelho e Inácio Pereira da Rocha, já no início da madrugada deste sábado (14), dezenas de pessoas se aglomeravam em frente a dois bares de esquina, já fechados, tomando parte do asfalto na Vila Madalena, na zona oeste.
Em Santana, na zona norte, as ruas estavam vazias, com poucas pessoas caminhando pelas calçadas. Os comércios, incluindo bares, também já estavam fechados, por volta da 1h deste sábado.
Até esta sexta-feira (13), o estado de São Paulo havia registrado 142.199 mortes decorrentes da Covid-19, assim como 3.847,002 casos positivos da doença. Estavam internadas 4.434 pessoas em leitos de terapia intensiva e outras 4.351 em enfermarias.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, sob gestão Ricardo Nunes (MDB), diz que que até o dia 10 de agosto de 2021, 18.197 estabelecimentos foram orientados quanto à necessidade do uso correto de máscaras, 12.903 materiais gráficos educativos distribuídos e 1.788 máscaras distribuídas nas ações nos grandes centros comerciais, nas diferentes regiões de São Paulo e locais com o maior fluxo de pessoas. A prefeitura tem optado por ações educativas, reforçando à população a necessidade do uso correto das máscaras, não realizando uma ação punitiva, com multas.
A gestão reforça também que é fundamental que as pessoas mantenham distanciamento social, evitando aglomerações, e usem máscaras e adotem medidas de higiene pessoal como lavar as mãos, seja com água e sabão ou álcool em gel. Apesar da queda de infecções e internações pela Covid-19, todos os protocolos de biossegurança precisam ser respeitados para garantir a saúde e proteção da população.
A Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), diz que desde o dia 1º de julho de 2020 tem orientado munícipes sobre a importância e a necessidade do uso correto de máscaras de proteção facial, para evitar a propagação de gotículas nasais ou salivares no ambiente.
Os agentes conscientizam os cidadãos e os estabelecimentos para afixarem cartazes nos comércios, com orientações sobre a Covid-19 e o uso correto da máscara.
Na capital, as ações estão sendo realizadas pelas 28 Unidades de Vigilância em Saúde espalhadas na cidade. Os profissionais são responsáveis pelas abordagens e orientações aos munícipes para a correta utilização das máscaras nos grandes centros comerciais, nas diferentes regiões de São Paulo e locais com o maior fluxo de pessoas.
Também em nota, a Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), diz que desde o início do Comitê de Blitze, até 9 de agosto, foram realizadas mais de 158 mil ações de fiscalização, que flagraram 45,8 mil aglomerações no estado, incluindo 65 festas, cassinos ou bingos clandestinos, com cerca de 12,6 mil frequentadores. No total, foram realizadas 5,5 mil autuações e mais de 17 mil pessoas foram presas, incluindo 12,4 mil procurados pela Justiça.
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do que informava a edição anterior deste texto, o toque de recolher já terminou em São Paulo. A partir do dia 17, haverá nova flexibilização das regras. O texto foi corrigido.