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Família. Saudade. Emoção.
Dia dos Pais.
Para o sr. Fernando, tratava-se de uma data triste.
—Meu pai sumiu de casa. Quando eu tinha quatro anos.
A mãe teve de se virar.
—Comigo e mais cinco irmãos.
Ele terminou virando funcionário qualificado nos Correios.
—Ainda bem que já me aposentei.
O ancião acompanhava as notícias.
—Agora, querem privatizar.
Ele sentia um gosto amargo na boca.
—Jogar pela janela um patrimônio.
O sr. Fernando guardava todas as recordações com cuidado.
—Até foto do meu pai eu tenho.
A mãe tinha tentado destruir.
—Com a memória não se brinca.
No setor de triagem, ele passara muitos anos. Um sonho perseguia sua mente.
—Quem sabe um dia aparece uma carta do meu pai…
Por que não?
—Ele pedindo desculpas para a gente. E querendo voltar.
O frio avançava pelos lados do Aeroporto.
—Sem pai… sem mãe… sem Correios.
Fortes batidas na porta.
—Carta para você, Fernando.
O aposentado abriu.
Barba preta. Rosto de pedra. Chapelão.
—Borba Gato?
—Vem, meu filho. Hora de se reunir comigo.
Cartas se perdem.
Mas os sonhos, como estátuas, não mudam de lugar.