Falso call center que dava golpe em idosos tinha jingle de banco e protocolo
Sete pessoas haviam sido presas em flagrante, mas foram liberadas após decisão da Justiça
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Sete pessoas foram presas em flagrante, na terça-feira (21), na capital paulista, suspeitas de aplicar golpes, principalmente em idosos, por meio de um sofisticado serviço falso de call center.
Os presos foram soltos após decisão da juíza Julia Martinez Alonso de Almeida Alvim, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), na tarde desta quarta-feira (22).
Em sua decisão, endossada pela Promotoria, a magistrada alega que os suspeitos "em que pese a reprovabilidade da conduta" deles, são primários, com bons antecedentes e os crimes atribuídos a eles "em tese" não foram praticados "mediante violência ou grave ameaça".
Segundo a investigação, os estelionatários simulavam com riqueza de detalhes o atendimento bancário padrão por telefone, contando com vinhetas de bancos e até números falsos de protocolo, para simular autenticidade nas operações e invadir a conta das vítimas. Entre os presos há um estudante de engenharia e outro de gestão financeira.
A defesa dos detidos, com idades entre 19 e 32 anos, não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.
“Os criminosos mantinham em computadores uma relação com centenas de milhares de vítimas [com dados pessoais e bancários], com cadastros em todas as regiões do país”, explicou o delegado Pedro Ivo Corrêa, titular da 5ª Delegacia do Patrimônio do Deic, especializada na investigação de roubos a banco.
O policial acrescentou que a quadrilha comprava os cadastros das vítimas. A origem das listas, assim como sua comercialização, ainda é investigada.
Com as informações financeiras em mãos, o grupo traçava uma estratégia diferente para atacar cada vítima. Em alguns casos, falava que era preciso confirmar o pagamento de parcelas de empréstimos, por exemplo. Em outros, o golpista fingia que a ligação era para corrigir alguma falha de segurança na conta do idoso, alegando que ele corria o risco de ser vítima de golpe.
Tudo isso era feito para conseguir que a vítima revelasse a senha e desse aos criminosos acesso à conta.
O bando atuava desde o início do ano passado em um imóvel no bairro Elisa Maria (zona norte), onde os sete criminosos foram presos em flagrante.
Quando investigadores do Deic entraram na casa, a quadrilha havia aplicado um golpe em um idoso de 82 anos, do Rio Grande do Sul. Somente dessa vítima, de acordo com a investigação, foram desviados R$ 10.200.
“Agora levantamos o número de golpes e o dinheiro arrecadado pelo bando. Mas já identificamos que eles ostentavam uma vida de luxo. Um dos suspeitos, inclusive, havia feito uma cirurgia de lipoaspiração recentemente”, afirmou o policial.
“O diálogo entre esses operadores e as vítimas, sempre muito amistoso e solícito, contribuía para obter as senhas e outras informações”, afirma trecho de nota do Deic.
Foram apreendidos sete computadores, celulares, documentação relacionada aos golpes, além de dinheiro. O bando foi indiciado por estelionato, com o agravante de ser aplicado por meio eletrônico e contra idosos, além de associação criminosa.
As investigações continuam para identificar vítimas e mais pessoas envolvidas no golpe, incluindo eventuais funcionários de instituições bancárias.
No último do dia 15, quatro mulheres, com idades entre 18 e 19 anos, foram presas por suspeita por também operarem um call center ilegal para golpes. A central clandestina ficava na região de Perus, na zona oeste da capital paulista.
Segurança
O delegado Jacques Ejzenbaum, titular da 4ª Delegacia do Patrimônio do Deic, orienta para que, caso a pessoa receba uma ligação no telefone fixo, de um suposto funcionário de agência bancária, deve ligar para o banco usando o celular em seguida.
Caso for confirmado que a instituição bancária não procurou a vítima, ela deve informar à polícia sobre o golpe.
Se a pessoa constatar que caiu em um golpe, deve ligar imediatamente para a gerência de sua agência, além de registrar um boletim de ocorrência, para que a polícia identifique os criminosos.