Alívio. Risco. Decisão.
As autoridades paulistas analisam os dados.
A Covid ainda preocupa.
Mas chega a notícia.
Usar máscara já não é mais obrigatório.
Evelise suspirou.
—Até que enfim.
A pandemia tinha cobrado um preço alto da profissional.
—Quase fechei o salão.
Os serviços da cabeleireira eram, contudo, excepcionais.
—Não perdi a clientela.
Aos poucos, as coisas se normalizavam.
O Salão Alizé voltava a ser frequentado.
—Mas eu já não aguentava mais essa coisa de máscara.
No cabeleireiro ainda não é importante?
—Sei lá. Liberou, está liberado.
Ela dava suas razões.
—Tem cliente minha que eu nunca vi a cara.
E a beleza não está só no cabelo.
—Tem de pensar no conjunto.
A aposentada Raíssa estava com hora marcada.
—Tintura. Corte. E chapinha.
—Viu, Raíssa, se quiser tira a máscara.
Raíssa seguiu a instrução.
Evelise começou a reparar.
—O queixo… o nariz… essa pinta… que engraçado.
A ficha caiu de repente.
—Humberto? É você?
Tratava-se do ex-marido.
—Fiz cirurgia. Mudança de sexo.
O reencontro foi em clima de amizade.
Retiram-se as máscaras.
Outras coisas se retiram também.