O estado de São Paulo tem o maior número de pessoas presas no país, com 235 mil detentos. Há 25 anos eram apenas 55 mil. O avanço assustador não corresponde ao crescimento da população paulista, que foi cerca de um décimo dessa taxa neste mesmo período.
Também foi em São Paulo que surgiu a maior facção criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital). A quadrilha controla o tráfico de drogas e opera suas ações de dentro dos presídios.
Apesar desse cenário perigoso, o estado enfrenta um déficit de funcionários que chega a 25% do total das vagas existentes. Só de agentes penitenciários, que fazem o contato direto com os presos, 13% das vagas estão ociosas (ou 3.727 das 28.269 previstas).
Para piorar, as unidades estão superlotadas: os 235 mil encarcerados se espremem em 173 cadeias que deveriam comportar, no máximo, 144 mil.
Em média, cada agente (desarmado) tem de cuidar de nove presos —quase o dobro do recomendado. A tensão é permanente, já que cabe aos funcionários levá-los de um pavilhão a outro, a audiências e a atendimentos de saúde.
São Paulo ainda tem na memória megarrebeliões e ataques criminosos em série, como os de 2001 e 2006. A aparente calmaria dos últimos anos foi quebrada em um motim em Taubaté, em 2018, após detentos dominarem um agente.
O governo João Doria (PSDB) afirma que abriu concursos e quer diminuir as locomoções de presos com teleaudiências. Outra aposta é a privatização, mas isso só valerá para novos presídios.
Como a população carcerária cresce quase ano a ano, a situação requer ações urgentes. Que o histórico sangrento das cadeias paulistas sirva de alerta.
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