Quase afônico, o técnico Gian Piero Gasperini concedia, emocionado, no último domingo, em Bérgamo, na Itália, a entrevista coletiva mais importante de sua carreira. O senhor de 61 anos acabara de comandar a façanha histórica da Atalanta, que encerrou pela primeira vez como terceira colocada do Campeonato Italiano. Assim, o clube de 111 anos conquistou o direito de estrear na badalada e milionária Liga dos Campeões da Europa.

Cerca de 2.000 torcedores fizeram uma festa na praça principal da cidade, de cerca de 120 mil habitantes, que fica no norte da Itália, vizinha a 50 km de Milão, onde dois dos 20 times mais ricos do planeta bola não conseguiram o mesmo êxito. A Internazionale levou a vaga, mas terá que encarar a fase preliminar do torneio. O Milan ficou pelo caminho e se classificou apenas para a Liga Europa.

A Atalanta mostrou aos pequenos do futebol italiano que dá para jogar sem medo, mesmo sem ter uma legião de craques. Dessa maneira, a equipe terminou com o melhor ataque do torneio, com 77 gols, 7 a mais do que o sistema ofensivo da Juventus, que conquistou pela oitava vez o título, e nessa temporada ganhou o poder de fogo do atacante Cristiano Ronaldo.

Os destaques da equipe, que tem no elenco o ex-zagueiro são-paulino Rafael Toloi, foram dois homens de frente. O colombiano Duván Zapata, artilheiro do time no ano com 28 gols, e o argentino Alejando "Papu" Gómez, o líder em assistências (12) no Italiano.

O melhor duelo da temporada ocorreu justamente contra a Juve. Na semifinal da Copa da Itália, a Atalanta enfiou 3 a 0. Na decisão, porém, a Atalanta perdeu para a Lazio, por 2 a 0, no estádio Olímpico de Roma.

Por essas duas campanhas, a Atalanta chegará com moral ao debutar na Liga dos Campeões. Para quem pensa que o clube vai para a edição 2019/2020 apenas para participar, Gasperini encarnou o famoso "o céu é o limite". "Os meninos foram maravilhosos, extraordinários. Podemos ir muito longe", avisa o treinador.