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Claudinei Queiroz: Desistir? Jamais!

O nadador paraolímpico Daniel Dias não precisa provar nada para ninguém. Na verdade, nunca precisou. Nascido com má-formação dos membros superiores e da perna esquerda, o paulista de Campinas usa como bordão “Eu escolhi ser feliz” quando perguntado de seu sorriso sempre aberto, em qualquer situação.

Daniel Dias recebe mais uma medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019
Daniel Dias recebe mais uma medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019 - Divulgação/CPB

Mesmo agora, quando enfrenta sua fase profissional mais complicada. E desafiadora. Maior medalhista da natação paraolímpica, paramundial e parapan-americana, ele está disputando seu sexto Campeonato Mundial, em Londres (ING). Seria outra oportunidade para ele somar mais medalhas douradas ao seu acervo pessoal, mas uma mudança na classificação funcional dos paratletas feita pelo Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) em 2017 mudou esse panorama.

Com a alteração, atletas da classe S6 passaram para a sua classe, a S5. Quanto maior o número, menor o grau de deficiência física. Então, na prática, competidores mais rápidos passaram a ser seus adversários nas piscinas e “tomaram” os cinco recordes mundiais que mantinha.

Vendo sua situação ficar complicada, o mais fácil seria Daniel Dias anunciar a aposentadoria. Com um histórico de 24 medalhas paraolímpicas (14 ouros, 7 pratas e 3 bronzes), 36 paramundiais (30 ouros e 6 pratas) e 33 parapan-americanas (todas de ouro), ele ficaria marcado como um dos astros mundiais. 

Mas, movido pelos desafios da vida, ele não desistiu, mudou seus métodos de treinamento e está mais forte do que nunca. Como resultado, mesmo com rivais da S6 na piscina, ele conquistou o ouro nos 50 m livre e o bronze nos 50 m borboleta em Londres.

Aquele garoto de 16 anos que começou a nadar ao se encantar com o legendário Clodoaldo Silva na Paraolimpíada de Atenas-2004 hoje, aos 31 anos, se tornou referência mundial e exemplo de superação e eficiência para muitos garotos. 

E os adversários que se preparem porque, ano que vem, ele chegará faminto à Paraolimpíada de Tóquio.

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