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Confira dicas para evitar cair em golpe ao comprar em leilão

Desconfiar de ofertas boas demais e de anúncios em redes sociais são os primeiros cuidados

São Paulo

O ditado popular "quando a esmola é muita, o santo desconfia” não pode sair da mente de quem quer investir em bens adquiridos em leilões virtuais.

Isso porque o preço muito abaixo do mercado e dos próprios leilões regulares é a grande isca usada por estelionatários para atrair clientes e aplicar golpes. E aproveitando que muita gente ficou em casa e passou mais tempo navegando na internet durante a pandemia, é por ali que eles atacam.

Os golpistas programam anúncios publicitários direcionados justamente para grupos considerados mais vulneráveis —idosos, por exemplo, que não conhecem tão bem a internet— que acessam o site achando que encontraram uma grande oportunidade.

“O site costuma ser perfeito. Tem vários produtos, valores, você pode pesquisar por ofertas. Com o nível visual, não tem como desconfiar. O maior indício é o valor extremamente baixo mesmo”, diz Emilio Simoni, diretor do dfndr lab, laboratório de segurança na internet da PSafe.

Segundo Simoni, o antivírus da empresa detectou, desde junho, mais de 150 mil acessos de usuários a sites falsos de leilão no Brasil. “Mas o número é muito maior, porque esses são apenas acessos de quem tem nosso aplicativo instalado”, ressalta.

Essa, aliás, é a primeira dica de Simoni para se proteger: acesse sites de leilão a partir de dispositivos com algum antivírus instalado. Eles detectam os sites suspeitos e avisam o usuário.

A segunda é redobrar a atenção quando receber anúncio vindo de redes sociais com ofertas muito tentadoras. Há sites que montam uma infraestrutura de atendimento que simula uma empresa real, com atendimento por telefone e selos falsos de registro. Pesquise detalhes da empresa antes de pensar em se cadastrar e dar um lance.

Isso pode começar com uma simples busca online. Procure por reclamações em plataformas especializadas, como o Reclame Aqui, porque é muito provável que outra pessoa já tenha caído no mesmo golpe e denunciado.

Também tome cuidado com sites que parecem muito algum outro endereço de leilões. Alguns simulam sites oficiais para enganar o interessado até de quem já conhece o site original e verdadeiro.

Outro ponto importante é que todo leiloeiro tem registro na Junta Comercial. A consulta é possível no site da junta de cada estado. Em São Paulo, é no da Jucesp (www.jucesp.sp.gov.br).

De qualquer forma, sempre é possível consultar um advogado especializado para fazer buscas mais minuciosas sobre o leiloeiro.

Vítima deve registrar boletim de ocorrência

Mesmo desconfiando dos sites, é possível que o golpe seja bem feito e o interessado caia nele. A oferta é muito boa, o site e o processo do leilão parecem verdadeiros, o interessado confia, mas depois de pago o valor, o suposto leiloeiro some. O que fazer?

Primeiro, é preciso registrar um boletim de ocorrência em delegacia. “A chance de recuperar o dinheiro é mínima”, diz Rodrigo Costamilan, advogado especializado em leilões. “Mas a queixa é importante porque o golpista também tem todos os dados do arrematante, e pode usá-los para aplicar outros tipos de golpes”, completa.

Todo documento e comprovação da transação devem constar na queixa: documentos do falso auto de arrematação (recebido após a compra), endereço do site, o que teria sido comprado, valores e a conta onde foi depositado o dinheiro, entre outras informações.

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Como agem os golpistas | Fuja das ciladas

  • Os sites falsos de leilão online estão sempre aperfeiçoando formas de enganar o interessado em um bom negócio
  • Muitos montam uma suposta infraestrutura empresarial, com horários de atendimento, SAC e selo falso de homologação em Tribunal de Justiça

Veja como se prevenir:

1- Fique atento aos sinais de que o site é falso​

  • Negócios que parecem bons demais para ser verdade costumam não ser; desconfie de imediato
  • Os golpistas sabem chegar ao interessado; eles usam de publicidade direcionada e costumam fazer isso pelas redes sociais
  • Redobre a atenção quando a oferta aparecer por Facebook, Instagram, WhatsApp e outras redes sociais

2- Confira os dados do leiloeiro e a proteção do site

  • Em geral, o leiloeiro terá um endereço de email oficial da empresa, e não um email de domínio comum (como gmail ou hotmail)
  • Endereços de sites que começam sem a proteção HTTPS são menos seguros
  • Mantê-la também não garante idoneidade; fique esperto

Cadastro na Junta Comercial

  • Além disso, todo leiloeiro oficial é cadastrado na Junta Comercial
  • É possível consultar pelo site da junta em cada estado
  • Em São Paulo, o endereço de consulta é http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/

3- Faça um teste de segurança

  • Acesse o site do leilão em um celular ou computador com antivírus
  • A maioria desses serviços identifica sites suspeitos e avisa o usuário

4- Pesquise informações sobre a empresa

  • Peça o CNPJ e o endereço da empresa e pesquise por eles na internet
  • Existem golpistas que até disponibilizam um CNPJ, mas que pode ser de outra empresa com razão social semelhante e endereço diferente
  • Essa é uma forma de simular tratar-se de uma empresa real e enganar o interessado

5- Procure a opinião de quem já comprou no local antes

  • Portais como Reclame Aqui, entre outros, reúnem as queixas de clientes que já caíram em golpes
  • Além disso, esses portais podem ter os endereços dos falsos sites de leilões, que simulam ser verdadeiros
  • Confirme se o endereço do site do leilão é único e se não há outro site com nome parecido e mais confiável

Para imóveis

No caso de leilões de imóveis, visite o local da oferta e veja se todas as informações que constam no suposto edital podem ser conferidas

Fique ligado

Se você está com dificuldades para fazer as buscas e tem muito interesse no bem leiloado, procure um advogado especializado

Caí em golpe. O que eu faço?

  • Reúna todas as evidências e faça um boletim de ocorrência em uma delegacia
  • Informe endereço do site, documentos falsos recebidos, telefones de contato, conta para onde transferiu o dinheiro etc

Na Justiça

  • É possível entrar com uma ação chamada tutela cautelar antecedente, que bloqueia a conta para a qual você transferiu o dinheiro
  • O golpista, porém, sabe disso e saca rapidamente o valor
  • Por isso, é difícil recuperar o dinheiro, mas o boletim de ocorrência ainda é importante porque, além do valor transferido, o golpista terá todos seus dados cadastrais

O site é real, mas me senti lesado no leilão. O que fazer?

  • Caso se sinta lesado no leilão, o consumidor pode procurar o Procon-SP
  • Para o órgão de defesa, o leiloeiro é considerado um intermediário, que tem responsabilidades diante do Código de Defesa do Consumidor, mas isso não é um ponto pacífico
  • Isso porque, em geral, toda informação deve estar disponível em edital com o qual o comprador concorda
  • Se as informações não estiverem no edital, o leiloeiro deve responder a eventuais dúvidas do consumidor antes da compra

Fontes: Rodrigo Costamilan, advogado especializado em leilões, Claudia Frazão, leiloeira da Frazão Leilões, Renata Reis, coordenadora do Procon-SP, e Emilio Simoni, diretor do dfndr lab​

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