Hollywood negra

Representação dos negros na mais importante indústria do cinema é cada vez mais exigida

Cena de "Faça a Coisa Certa"
Cena de "Faça a Coisa Certa" - Divulgação
São Paulo

A próxima quarta-feira, dia 20,  marca o Dia da Consciência Negra, feriado brasileiro que, em homenagem a Zumbi dos Palmares, relembra a luta dos negros pela afirmação na sociedade e contra a discriminação. Aproveito a data para falar de alguns filmes e personalidades importantes do cinema negro em Hollywood.

O cinemão norte-americano tem, em sua história, muitos deslizes em relação aos negros. A começar por “O Nascimento de uma Nação”, de D.W.Griffith, de 1915. O filme é considerado por críticos um marco no desenvolvimento da linguagem cinematográfica. Já a trama mostra a criação da Ku Klux Klan e apresenta personagens negros, interpretados por atores brancos com caras pintadas, a chamada ‘black face’, de forma preconceituosa.

Atualmente, Spike Lee é o principal cineasta negro nos EUA. Ele é dono de uma obra poderosa, que aborda a discriminação e a posição do negro na sociedade norte-americana. Um de seus primeiros filmes, “Faça a Coisa Certa”, de 1989, mostra a tensão entre moradores negros de uma rua do Brooklyn e italianos donos de uma pizzaria no bairro. Em um caldeirão de racismo e violência policial, os confrontos explodem. E, ao citar Martin Luther King e Malcolm X, Lee pergunta: o que é fazer a coisa certa? Na luta por seus direitos, os afro-americanos devem ou não usar a violência?

O ativista Malcolm X voltou à obra de Lee na cinebiografia de 1992 estrelada por Denzel Washington, um dos principais colaboradores do diretor. Em 2018, o cineasta veio mais afiado em “Infiltrado na Klan”, sobre a história verdadeira de um agente negro do FBI que se infiltra na Ku Klux Klan. Sem perder o humor, Lee expõe o quão sem sentido é o pensamento desses grupos.

Mas a representatividade negra em Hollywood vem bem antes de Lee. Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator, fez nos anos 1960 e 1970 filmes que abordavam o racismo na sociedade norte-americana, como “Adivinhe Quem Vem para o Jantar” e “No Calor da Noite”. Nos anos 1970, houve o movimento blaxploitation, com filmes dirigidos e protagonizados por negros. “Shaft”, de 1971, longa de ação sobre um detetive negro, é um dos seus grandes sucessos.

Em 2016, a cobrança por representatividade culminou na campanha “Oscar so White”, ou “Oscar branco demais”, em resposta à falta de diversidade nas indicações daquele ano. A resposta veio em 2017: o maior número de negros indicados até então, 20 no total, entre atores, diretores, atrizes, produtores e roteiristas. Mas isso ainda é pouco. Em 91 anos de Oscar, pouco mais de 20 negros foram premiados em categorias importantes.

Na seleção abaixo, também indico obras do cinema brasileiro. Entre elas está “Sinhá Moça”, com a pioneira Ruth de Souza, morta este ano aos 98 anos. Pelo filme, ela foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza em 1954.

ONDE VER
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MALCOLM X
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XICA DA SILVA
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(*) A Cinemateca Brasileira fica no largo Sen. Raul Cardoso, 207, na Vila Clementino. A biblioteca funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h.

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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