Criança é morta após ser atacada por cães na zona sul de SP

Menino teria entrado em uma empresa para pegar uma pipa; no local havia 4 pit bulls, um rottweiler e um vira-lata

São Paulo

Um garoto de 10 anos foi atacado e morto por cães de guarda, nesta quarta-feira (25), em um terreno abandonado em Americanópolis (zona sul da capital paulista).

Um rapaz de 20 anos que teria tentado socorrer a criança acabou ferido e foi levado ao Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, também na zona sul.

Policiais em frente ao terreno onde um garoto de 10 anos foi atacado e morto por quatro cachorros em Americanópolis, zona sul de São Paulo. - William Cardoso/Folhapress

Segundo testemunhas, Luiz Fernando Teixeira pulou o muro para pegar uma pipa no terreno de uma empresa, por volta das 14h, e foi atacado por seis cães (quatro pit bulls, um rottweiler e um vira-lata), que "tomavam conta" do local.

"A criança estava sozinha no momento do ataque. Outra pessoa tentou salvá-la, mas foi mordida na perna e levada ao hospital com ferimentos leves", afirmou o capitão da PM José Ferreira Júnior.

Uma viatura da PM foi até o local assim que informada do ataque. Foi feito um disparo contra um dos cães, que foi abatido. "Assim, conseguiu-se acessar o menino. O socorro foi acionado de imediato", disse Ferreira Júnior.

O helicóptero Águia da PM foi até o local para levar socorro até a criança, que não resistiu ao ataque. "Por cerca de meia hora, tentou-se fazer voltar os batimentos cardíacos, mas foi infrutífero, ele morreu no local e agora estamos preservando o corpo", disse o capitão.

Luiz Fernando Teixeira, 10 anos, foi morto nesta quarta-feira (25) após ser atacado por cães quando pegava uma pipa que caiu em uma empresa de Americanópolis (zona sul de SP) - Reprodução

Durante o socorro, mais dois cães foram mortos a tiros ao tentar atacar os PMs e outros três se refugiaram no canil.

Mãe do garoto, a doméstica Rita de Cássia Teixeira dos Santos, 50, conta que viajaria com o filho para ver os fogos em Copacabana, no Rio de Janeiro, na virada do ano. "Sábado iria para o Rio de Janeiro. Estou com a mala arrumada, tudo pronto, mas agora acabou. Não tem mais viagem. Só meu filho que viajou sem mim", disse.

A doméstica afirmou que o filho acordou, tomou um iogurte e foi com ela à casa de amigas no horário do almoço. "Depois, vi que ele estava com uma pipa com outras crianças, mas não esperava que ele fosse vir para cá. Eu não deixava ele ficar solto na rua", disse Rita.

Rita teve cinco filhos e, além de Luiz, perdeu outro, quando o rapaz tinha 24 anos, por causa de um mal súbito. Restaram três mulheres.

Cunhado do garoto, o segurança Maurício Desidério Arcanjo, 42, disse que todos foram pegos de surpresa. "Estávamos numa reunião de família na zona leste e ela [Rita] ligou para a minha mulher e disse 'seu irmão morreu'. E a gente 'como assim, ele morreu', mas ela não conseguia falar", disse.

"Não conheço o local, mas como uma criança de 10 anos iria pular um muro desses? Só se estivesse aberto em algum lugar e, se for isso, acho muito errado. É um terreno baldio, não tem nada para ser roubado, então qual a necessidade de se ter cachorros como esses", questiona o cunhado do menino.

O segurança diz que Luiz Fernando era como qualquer criança de sua idade. "Por viver em apartamento, ele saía pouco. Mas quando tinha oportunidade, ele gostava de brincar."

A PM tentou contato com os responsáveis pelo terreno, mas ninguém foi ao local até a publicação desta reportagem.

Representantes das comissões de Direitos Humanos e Proteção dos Animais, da OAB, foram até o local e deverão acompanhar as investigações para saber em quais condições os cachorros eram cuidados e de que maneira colocavam em risco a vida das pessoas.

No local, uma garagem de ônibus abandonada, não havia placa indicando a presença de cães bravos.

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