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Metrô de SP fecha banheiro na estação Sé e oferece alternativa precária

Público terá que utilizar um banheiro interno que não tem privadas em número suficiente

São Paulo

O Metrô fechou permanentemente o banheiro público localizado fora das catracas na estação Sé, linha 1-azul. A companhia, sob a gestão de João Doria (PSDB), culpou o vandalismo, a depredação e o mau uso pela decisão. Em troca, ofereceu um banheiro interno que ainda não tem privadas em número suficiente e possui pouca infraestrutura.

O banheiro externo da estação Sé era usado, principalmente, por pessoas em situação de rua que vivem na praça. "Esse banheiro era muito bagunçado, mas faz falta. Acontecia muita coisa errada aí dentro, mas não deveria fechar. Eles tinham que colocar seguranças", diz o torneiro mecânico desempregado Oswaldo Marcelino da Silva, 59 anos. "O problema é que agora, para usar o de dentro, você precisa comprar o bilhete e passar na catraca", completa.

O advogado Sebastião Alaíde Lopes, 62 anos, diz que a situação do banheiro antigo era precária, mas que não se justifica o fechamento. "É desrespeitoso você não ter banheiro público em condição de uso em São Paulo. As pessoas acabam fazendo suas necessidades na praça e a cidade fica toda infectada", argumenta

Responsabilidade

O também advogado Ludigerio de Oliveira Carvalho, 34 anos, afirma que a depredação e o mau uso não são motivos para que um serviço público seja encerrado. "Isso não é um argumento, porque, se for assim, o governo tem que fechar tudo. O Estado precisa assumir. Eles fecharam porque não querem ter a responsabilidade sobre o que acontecia ali dentro", analisa.

O banheiro interno oferecido pelo Metrô servia anteriormente como apoio para funcionários da companhia e é bastante precário. No masculino, durante visita da reportagem, uma pessoa em situação de rua, embriagada, estava jogada na entrada de uma das duas únicas cabines disponíveis, quando foi abordada por seguranças. No feminino, uma longa fila se formava do lado de fora, também por falta de sanitários em número suficiente.

Deficientes perderam o elevador

Não é só o banheiro da estação Sé que está em situação precária. Cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida perderam o único elevador capaz de levá-las da praça até o mezanino, antes de cruzar as catracas. Segundo funcionários da companhia, faz cerca de um mês que o equipamento está fora de uso.

No local, não existia nenhum aviso de que o elevador está fora de operação.

Elevador quebrado na Sé prejudica o acesso de pessoas como Jackson Lino, 52, cadeirante - William Cardoso/Folhapress

"O governo não ajuda em nada. Sempre que eu passo por aqui, esse elevador está quebrado", afirma o aposentado Jackson Lino, 52 anos, que é cadeirante. 

Nesta sexta-feira (31), Lino estava acompanhado do filho, o ajudante geral Douglas Araújo, 22. "Imagina se eu tivesse vindo sozinho? Teria que chamar os guardas para me ajudar a descer as escadas rolantes e iria demorar muito tempo, com toda certeza", afirma.

O filho de Lino também se mostrou revoltado com a situação. "Isso deveria ser uma grande prioridade, mas parece que ninguém se importa", argumenta.

Resposta

O Metrô afirma que continua oferecendo sanitário público na estação Sé (região central) e que os passageiros podem utilizá-lo na área após a linha de bloqueios [catracas].

Esse local será ampliado para melhorar o atendimento e, por isso, os boxes mencionados pela reportagem estão fechados. "Não se trata de bacia interditada", diz, em nota.

Segundo a companhia, o outro sanitário, na área livre, foi fechado permanentemente, após depredação. O elevador no acesso da rua foi quebrado por vândalos e novas peças foram encomendadas para o reparo.

Funcionários foram treinados para ajudar as pessoas com deficiência. 

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