Mochila antifurto vira moda nas ruas da capital paulista

Bolsas contam com sistema que impede ladrões de terem acesso aos bens das eventuais vítimas

São Paulo

Pelas ruas da capital paulista e em estações do metrô, um tipo de mochila diferente pode ser vista em meio à multidão, projetada para ser à prova de furtos. Feita de material impermeável, o adereço conta com um sistema que impede que os "ladrões de mãos leves" abram zíperes e levem objetos, sem que as vítimas percebam.

O engenheiro Eduardo Romeiro, 33 anos, adquiriu sua mochila antifurto há cerca de dois anos. Ele afirma se sentir seguro usando o adereço, quando caminha, principalmente em estações do metrô. "Ela [mochila] é tão segura que me dá trabalho até para abrir, quando preciso pegar alguma coisa dentro dela", afirmou o engenheiro. 

O engenheiro Eduardo Romeiro, 33 anos, em frente à estação Consolação da linha 2-verde do metrô, com a mochila antifurto que ele comprou há dois anos; ele diz que dá até trabalho para abrir - Rivaldo Gomes/Folhapress

O executivo Ricardo Moraes, 50 anos, também destacou que o excesso de segurança da mochila dificulta para ele pegar objetos cotidianos. "Gosto de ler no metrô. Depois que comprei a mochila, não guardo mais meus livros nela, acabo levando na mão mesmo, pois dá muito trabalho para abrir [a bolsa]." 

Vários fabricantes oferecem a mochila na internet com preços que variam de R$ 70 até R$ 400. 

As bolsas são confeccionadas em poliéster impermeável, contando com sistema de abertura invertida. Ou seja, o zíper fica nas costas da pessoa, que precisa retirar a mochila, levantar a proteção que há sobre o zíper, para enfim ter acesso aos seus pertences.

Moraes e Romeiro afirmaram nunca terem sido vítimas de furto e que, com a mochila, esperam que realmente nunca aconteça.

Ladrões agem em dupla ou em grupos

O delegado Marcelo Monteiro, da Delpom (Delegacia do Metropolitano), afirmou que, entre 1º de janeiro e a sexta-feira (14), foram presos 13 suspeitos de furtarem celulares de passageiros no metrô e na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). 

No mesmo período, acrescentou o delegado, foram registrados 94 boletins de ocorrência de furto de celular, representando dois casos diários no sistema ferroviário. Também foram contabilizados quatro roubos a passageiros.

Monteiro explicou que os bandidos agem em dupla ou em grupos. Uma das formas usadas para furtar vítimas é esbarrar nelas, roubando a atenção, enquanto outro ladrão pega o celular da pessoa, sem que ela perceba. "Os alvos preferidos dos ladrões são pessoas com mochilas nas costas ou com bolsos largos", diz Monteiro.

O delegado acrescentou também que alguns bandidos esperam o momento de fechamento de portas de vagões, para puxar celulares da mãos de pessoas distraídas. 

Outra tática esboçada pelo delegado ocorre quando um ladrão pega o celular e já o repassa para outro bandido, para que a pessoa perca o aparelho de vista e não saiba com quem está.

A mochila antifurto, à esquerda, em comparação com mochila tradicional - Rivaldo Gomes/Folhapress

Especialista recomenda carregar bolsa junto ao corpo no transporte

O analista criminal Guaracy Mingardi diz "não ver muita necessidade" para que as pessoas tenham uma mochila antifurto. A bolsa pode ser uma garantia, porém, só pelo fato de a pessoa ficar atenta, andando com uma mochila comum sobre a barriga, por exemplo, "já ajuda a evitar furtos".

"Faz muito tempo que as pessoas andam com mochilas na parte da frente do corpo. Aliás, o próprio metrô orienta para que isso seja feito, inclusive para garantir mais espaço nos vagões para os passageiros." 

Ele destacou que o principal alvo dos criminosos quando conseguem abrir bolsas são os celulares. "O ladrão consegue vender um celular de R$ 2.000, por R$ 500. Isso é menos trabalhoso e arriscado que furtar um carro", exemplificou.

Mingardi ainda disse que, quando o criminoso quer algo da vítima, nenhuma mochila vai impedir. "Ele vai tirar à força a bolsa da pessoa, sendo antifurto ou não." 

Ele destacou que o importante é ter atenção onde há grande concentração de pessoas. "Os ladrões aproveitam quando a vítima está distraída, pegando objetos sem que elas percebam." 

O Metrô diz que foram registrados 471 casos onde passageiros tiveram bens levados no ano passado.

Metrô registrou 471 crimes em 2019

Segundo o Metrô, gestão João Doria (PSDB), foram registrados 471 casos em que criminosos levaram objetos de vítimas em suas estações durante o ano passado. Isso equivale a 1,2 caso diário. 

A empresa afirma que os furtos e roubos ocorridos no interior das estações representam 0,43 casos por milhão de passageiros transportados. Em 2019, acrescentou, 1,1 bilhão de pessoas usaram o sistema.

"São números menores do que muitos países conhecidos pela alta segurança [...] e mesmo com o baixo índice de furtos e roubos, o Metrô trabalha para reduzir esse número, investindo na modernização de seu sistema de câmeras", diz trecho da nota envidada ao Agora.

A companhia afirma que o interior de suas estações e vagões "são um dos locais mais seguros de São Paulo", acrescentando que "isso é comprovado pelo atual índice de furtos e roubos [mencionados anteriormente neste texto]".

O Metrô disse ainda que todas as informações referentes a crimes nas estações são recebidas pelo Centro de Controle da Segurança que aciona o agente mais próximo das vítimas.

Denúncias podem ser feitas pelo SMS (11- 97333-2252) ou pelo aplicativo de celular (Metrô Conecta)

Mochilas antifurto

  • Contam com abertura invertida, na parte traseira da bolsa
  • Feitas com poliéster impermeável 
  • Divisórias internas e externas 
  • Porta USB 
  • Ângulo de abertura ajustável
  • Zíper e bolsos ocultos
  • Sem acesso frontal
  • Costas acolchoadas

Dicas de segurança 

  • Evite ostentar objetos de valor em locais de grande movimento 
  • Não atenda ligações nem responda mensagens de celular em locais públicos
  • Procure usar fones de ouvido em ambientes seguros, pois eles distraem a pessoa 

Fontes: Polícia Civil e site de vendas Americanas 

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