Sindicato diz que dois funcionários de Centros de Acolhida de SP morreram por Covid-19

Segundo entidade, ao menos 15 profissionais da área estão infectados

São Paulo

Segundo o Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo), um educador social que trabalhava no Centro de Acolhida Zaki Narchi, em Santana (zona norte), e um funcionário do Centro de Acolhida Nova Conquista, em Ermelino Matarazzo (zona leste), morreram com suspeita de Covid-19.

De acordo com as informações divulgadas pelo sindicato, pelo menos 15 profissionais da área de assistência social estão afastados com suspeita da doença.

Uma funcionária, que prefere não ser identificada e trabalha na supervisão técnica dos Centros de Acolhida, serviços de abordagem e abrigos, relata a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) nas unidades em que supervisiona. Em alguns casos, os materiais que chegam são insuficientes.

“No geral, as unidades reclamam que não receberam máscaras”, diz. Ela conta que o trabalho nos serviços de acolhimento deveria ser feito o tempo todo com máscara, devido a grande circulação de pessoas. Além disso, os funcionários estão “expostos o tempo todo, desde a hora em que sai de casa até o trabalho”, comenta. A preocupação levou alguns deles a comprarem equipamentos por conta própria.

Segundo a servidora, o álcool em gel, também utilizado na proteção contra o coronavírus, passou a ser distribuído nos últimos dias. Uma outra funcionária, que também prefere não ser identificada, relata que algumas unidades ainda não receberam o produto.

Para a assistente social, a situação é preocupante. “Gosto muito do meu trabalho, mas eu e outras companheiras vive esse dilema ético de querer atender a população e, ao mesmo tempo, pensar na nossa segurança”, afirma.

A profissional chama atenção, também, para a higienização. Ela afirma que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Butantã, na zona oeste, não tem funcionário disponível para limpar o local durante todo o horário de funcionamento. Segundo servidoras, uma profissional da unidade está afastada por Covid-19.

Prefeitura lamenta mortes

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB) lamentou as mortes dos funcionários. A gestão não confirmou se eram casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.

A reportagem também questionou quantos profissionais da Assistência Social morreram, contraíram ou estão afastados devido a Covid-19, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem.

Segundo Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, desde o dia 20 de março, luvas e embalagens de álcool em gel foram distribuídas para as Supervisões de Assistência Social distribuir em seus territórios.

“A compra do material dos funcionários das Organizações da Sociedade Civil (OSC) é realizada diretamente pelas entidades, com os repasses feitos pela pasta”. A secretaria afirma que irá reforçar a importância de adquirir esses produtos para as OSCs.

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