Sonambulismo pode ser controlado com remédios

Bastante comum em crianças, o sonambulismo costuma ser mais limitado e benigno nessa fase e desaparecer por volta dos 12 anos sem causar preocupações. Na idade adulta, porém, precisa de acompanhamento médico.

• Garota de 19 anos passou por apuros

Existem três tipos de sonambulismo em adultos, segundo o neurologista Flávio Alóe, especialista em medicina do sono no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. O mais dramático é o transtorno do sono REM ("rapid eye movement", ou, em português, movimento rápido dos olhos), caracterizado por episódios de violência, geralmente em homens de meia-idade. "Em 90% dos casos acontece com homens, e a vítima normalmente é a mulher", diz. O problema se caracteriza por comportamentos bizarros durante o sono, como chutar, socar e xingar.

Sair de casa e escalar uma montanha --como ocorreu com um homem no ano passado-- é praticamente impossível. "Até abrir janela, destrancar porta ou sair de casa é difícil. O cérebro, nesse estado, trabalha só com 10% dos recursos. Quanto mais complexo, menos provável", conta o médico. Em praticamente todas as situações, diz, esses casos de sonambulismo evoluem, a longo prazo (até 15 anos), para mal de Parkinson.

As mulheres de meia-idade são a maioria dos casos relatados de Transtorno Alimentar Relacionado ao Sono. No meio da noite, a paciente come grande quantidade de comida preparada de forma inapropriada. "Às vezes, consome até lixo e produtos químicos, como xampu", conta. "É ingerida uma grande quantidade de calorias, e a paciente pode engordar. Há o risco de transtornos psiquiátricos, como depressão ou ansiedade.

O último caso é o das manifestações sexuais. Novamente os homens são maioria, mas adultos jovens. Nesse distúrbio, o paciente "tem comportamentos sexuais solo [como masturbação] ou contra o cônjuge ou outras pessoas de forma inadequada". O comportamento pode causar grandes constrangimentos, pois o paciente pode tentar ter relações com qualquer um.

O que fazer
Normalmente, quem percebe os episódios de sonambulismo são os familiares do sonâmbulo. Alóe, da USP, afirma que não é mesmo recomendado acordar o paciente. Ele pode ser guiado, e o melhor é levá-lo de volta para a cama, mas nada de usar um balde d'água para despertá-lo. O susto pode fazer com que ele se torne rebelde e agressivo.

Alóe diz que não há um tratamento curativo nem como prevenir os episódios, mas o sonambulismo pode ser muito bem controlado com medicamentos quase sem efeitos colaterais. "Sonambulismo é sério, mesmo que ocorra um episódio por ano. Por isso é muito importante procurar um médico."