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Clandestino usa carro para transporte ao litoral
Bruno Ribeiro
do Agora
Antigos perueiros da capital abandonaram suas vans e, agora, usam carros para levar passageiros para o litoral. Eles fazem parte de um esquema de transporte clandestino que funciona nas imediações do terminal Jabaquara (zona sul de SP). A medida é uma forma de driblar a fiscalização do transporte intermunicipal.
Diariamente, das 4h à meia-noite, esses motoristas fazem dezenas de viagens com os carros. Há partidas a cada dez minutos. A estrutura do grupo impressiona. Eles têm radiocomunicadores e até fiscais próprios (igual às empresas de ônibus), que controlam, com pranchetas, os horários de partida, destino e número de passageiros levados por cada um dos automóveis da frota.
Rivaldo Gomes/Folha Imagem |
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Passageira que embarcou no Jabaquara desce no litoral |
A vantagem do uso de carro ao invés de vans é que, dessa forma, os fiscais rodoviários têm dificuldade de identificar um veículo usado no transporte ilegal. Se algum carro é parado, o motorista combina com os passageiros para que todos digam que são amigos viajando. Não há o que ser feito pelos fiscais ou policiais rodoviários, exceto permitir que a viagem continue, se não houver alguma falta de documentação ou outra infração ao Código Nacional de Trânsito.
A prática conta também com a falta de fiscalização do Metrô, da Prefeitura e da Artesp (agência que controla o transporte rodoviário no Estado). É a partir de dentro do Metrô que começa o esquema. Funcionários dos perueiros ficam dentro da estação convidando passageiros na saída que dá acesso à rua dos Jequitibás.
O serviço oferece transporte para todas as cidades da baixada santista, de Mongaguá até Bertioga. O preço varia de R$ 18 a R$ 25, dependendo do destino. Com cinco passageiros (os perueiros usam carros grandes, como Fiat Doblò e Renault Kangoo), descontados pedágio e combustível, cada viagem rende cerca de R$ 80 para os perueiros. Chegando na cidade, ele deixa o passageiro na porta de casa, sem custos adicionais.
No litoral, o conforto continua. Passageiros que telefonarem para esses perueiros são buscados na porta de casa e, pelo mesmo preço, são deixados no terminal Jabaquara.
Vans
O ponto de embarque desse esquema é na esquina da rua dos Jequitibás com a rua dos Grumixamas. Esta última rua fica inteira ocupada por carros do grupo e algumas vans, que ainda são usadas por alguns motoristas. A vantagem da van é que, nela, há espaço para mais passageiros --e, assim, lucro maior.
Nos dois dias em que a reportagem acompanhou o transporte em carros, nenhum agente do Metrô abordou os atravessadores de dentro do terminal e nenhum agente da prefeitura interrompeu o serviço.
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