Para não esquecer

Lançamentos retratam fatos históricos sob novos pontos de vista e destacam a importância de estudá-los nos dias de hoje No alto, Anne Frank em 1932; acima, livro sobre a família da escritora; e, ao lado, obra denuncia fuga de nazistas para a América

Sou fã de o "O Diário de Anne Frank" desde a adolescência e sonhava conhecer o Anexo, parte de um prédio, em Amsterdã, na Holanda, onde ela e sua família viveram escondidos durante a 2ª Guerra Mundial. Fiquei emocionada ao finalmente subir as escadas, ao ver o quarto de Anne, o diário original... Mas depois percebi que todo aquele ambiente, recriado para virar museu, não me comoveu da mesma forma que as palavras da própria Anne, descrevendo seu dia a dia.

A sua história é a de muitas garotas, assim como a sua família representa muitas outras, como retrata o livro "A História da Família de Anne Frank" (R$ 49,90, 406 págs., Record), que acaba de ser lançado, com mais de mil cartas, documentos e fotos encontrados no sótão da casa de Buddy Elias, primo de Anne Frank, na Basileia (cidade suíça). Os relatos lembram que a intolerância e a arrogância que culminaram no extermínio de milhões estão presentes nos conflitos de hoje, resultando em mortes e refugiados.

Enquanto Anne Frank descreve a guerra do interior do Anexo, o diário do garoto Julian Kulski recria a tragédia a partir da resistência nas ruas de Varsóvia. Narrado em primeira pessoa, "A Cor da Coragem" (R$ 59,90, 416 págs., Valentina) mostra a jornada do jovem, de pequenos atos de sabotagem à luta armada.

Prova de que a impunidade de hoje faz parte de um círculo vicioso é a descrição da fuga de célebres nazistas para a América, como a do médico alemão Josef Mengele, narrada no novo "Nazistas Entre Nós" (R$ 39,90, 192 págs., Contexto), de Marcos Guterman. O livro conta ainda como outros carrascos viveram em liberdade simplesmente porque não interessava aos governos americanos puni-los.

As dicas da coluna lembram uma frase que hoje é mais importante do que nunca: a única coisa necessária para que o mal triunfe é que os bons não façam nada.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa.