A fome e a vontade de comer

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Antes de chegar ao poder, o PT fazia muito barulho sobre a fome no Brasil. Para quem não se lembra, a principal proposta da primeira campanha vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva era um grande programa de distribuição de alimentos chamado de Fome Zero.

Rosemary Amorim da Costa, Meirinha, quando criança foi o retrato da desnutrição infantil do país. Sua imagem, raquítica aos dez anos de idade, na periferia de Fortaleza, ganhou destaque nacional - Jarbas Oliveira -23.nov.2016/Folhapress

No poder, Lula percebeu que isso seria gastar muito esforço e grana sem necessidade. Havia gente desnutrida no país, mas nem tanto como se pregava. O melhor seria entregar dinheiro aos mais pobres para que eles comprassem o que quisessem —comida, remédio, roupa. Assim surgiu o Bolsa Família.

A ideia funcionou, ainda mais porque a economia vivia um bom momento e o desemprego caiu bastante. Os petistas trataram de faturar anunciando que estavam erradicando a miséria do país.

Era propaganda enganosa, como se viu. Com a crise no governo Dilma Rousseff, a pobreza voltou a crescer.

Agora foi a vez de Jair Bolsonaro (PSL) falar do assunto com mais interesse político do que conhecimento de causa. “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”, disse o presidente, na manhã de sexta-feira (19).

No mesmo dia, mais tarde, ele acabou dando uma consertada na declaração, afirmando que “alguns passam fome”.

Quantos são alguns? Os dados mais atualizados mostram que, em 2017, morreram 15 brasileiros por dia, em média, de desnutrição. Calcula-se que 2,5% da população, uns 5 milhões, possa sofrer hoje com alimentação insuficiente, quase sempre por falta de renda.

Não adianta esconder nem exagerar esse problema. Os políticos, muitas vezes, fazem uma coisa ou outra, a depender se estão no governo ou na oposição. Juntam a fome e a vontade de comer.

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