Ao completar 200 dias de governo sem ver sinal de melhora na economia, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ensaiou tirar algum coelho da cartola para tentar, pelo menos, animar o consumo das famílias.
A ideia que surgiu não foi das mais originais: liberar uns R$ 30 bilhões de contas ativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Dois anos atrás, o governo Michel Temer (MDB) jogou R$ 44 bilhões na praça em grana do fundo.
Em qualquer caso, é muito dinheiro: o bastante para dar algum alívio aos trabalhadores, que podem ir às compras ou pagar dívidas. Os efeitos desse tipo de medida, porém, não duram muito.
Depois de realizados os gastos, tudo volta ao que era antes se os empresários não se animarem a produzir mais, contratando mais gente. E isso só acontece se houver perspectiva de uma melhora de duração maior.
Mas nem o refresco temporário saiu ainda. A turma da construção civil chiou porque os recursos do FGTS são usados em financiamentos da casa própria. Se forem reduzidos, aumenta a crise do setor, que já está feia porque as obras públicas secaram nos últimos anos.
Isso para nem falar no impacto devastador da Operação Lava Jato sobre os negócios das grandes empreiteiras.
Para dar uma animada no crédito imobiliário, por sinal, a Caixa Econômica Federal está estudando uma redução de juros. Pode ser uma boa, mas não dá para esperar milagre: só vai tomar dívida quem tem confiança no futuro.
A volta dessa confiança vai depender muito do governo, que precisa aprovar as tais reformas e dar um jeito nas suas contas. Vai ajudar também se o presidente parar de arrumar briga à toa.
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