O uso de aplicativo para transporte volta a provocar barulho na capital paulista. E, desta vez, o enredo traz um personagem polêmico: a motocicleta.
Há um mês, o Picap passou a oferecer corridas de mototáxi. A empresa foi fundada na Colômbia, onde diz ter mais de 200 mil usuários, mas ainda engatinha em São Paulo, onde opera principalmente em bairros mais afastados do centro.
A tentativa não é uma novidade na história recente da cidade. Em 2017, reportagem do Agora mostrou que um grupo de 18 motociclistas recorria à propaganda boca a boca e ao WhatsApp para atrair passageiros em bairros da zona sul.
Porém existe uma diferença importante entre aqueles dias e os atuais.
Lá atrás, já vigorava uma lei federal, de 2009, que reconhecia a profissão de mototaxista e criava regras para a operação do serviço. Só em 2018 a prefeitura paulistana baixou suas normas e o proibiu.
Com isso, hoje, o aplicativo é considerado ilegal, assim como ocorre em seu país de origem. Aqui, a gestão Bruno Covas (PSDB) prometeu punir quem for flagrado trabalhando para ele.
O app também gera discussões por ter como ferramenta a motocicleta. Embora represente menos de um quinto da frota da capital, ela é um dos vilões do trânsito. No ano passado, metade das 15,8 mil vítimas de acidentes conduzia ou estava na garupa desse tipo de veículo.
Alarmante, o quadro exige atenção. Mas é indiscutível que a cidade, castigada pelo transporte público deficiente em parte dela e pela avalanche de carros, virou dependente das duas rodas.
Buscar medidas para que transitem de fato com segurança, com um setor organizado e sob os olhos do poder público, pode ser um caminho mais realista.
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