Vergonha nacional
35 milhões de brasileiros vivem sem água encanada em casa
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O passar dos anos —e de sucessivos governos— pouco tem alterado um dos cenários mais indecentes do país: a falta de saneamento básico. Nada menos que 35 milhões de brasileiros, ou um sexto da população em 2018, sobrevive sem um serviço público tão vital como ter água encanada em casa.
Em pleno século 21, espanta saber que a coleta de esgoto atenda só pouco mais da metade dos habitantes. São 100 milhões que vivem sem essa comodidade, muitos deles em ambientes insalubres e sob o risco de contrair doenças.
O tratamento do esgoto, então, é quase um luxo: não chega à metade do volume coletado. O restante acaba despejado em córregos e rios, com ameaças ao ambiente e à saúde pública.
Pois até mesmo São Paulo, o estado mais rico do país, está longe de ser um exemplo nessa área. São cerca de 4,6 milhões de pessoas sem acesso ao sistema de esgoto, o que equivale a duas vezes a população de Sergipe. E até 1,7 milhão de paulistas não recebem água tratada.
Não precisa ir muito longe. À beira da marginal Tietê, na Chácara Três Meninas (zona leste), 2.000 famílias estão cercadas pelo esgoto em meio a um cheiro insuportável. Às vezes o líquido escuro —e até mesmo com fezes— se mistura à água usada pelos moradores para beber.
Tamanha indignidade tem explicações. Atrás de votos, sucessivos governos deram prioridade a obras que oferecem mais visibilidade. Desperdiça-se tempo e dinheiro com projetos que nem mesmo saem do papel, como o trem-bala.
Além de aprimorar leis e diretrizes para o setor, parcerias público-privadas, com forte atuação do Estado, podem reverter esse quadro de atraso que envergonha e pune boa parte dos brasileiros.