Descrição de chapéu Editorial

A política é só um detalhe

Conselhos tutelares tem estrutura precária

Realizada em 6 de outubro, a eleição de novos conselheiros tutelares movimentou os bairros e as redes sociais. O clima de fla-flu que toma conta do país afetou a disputa, com a polarização entre candidatos de esquerda e direita.

A discussão ideológica deixou em segundo plano uma questão mais importante: qual é a estrutura dos Conselhos Tutelares? Responsáveis por zelarem pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes, esses órgãos têm como principais atribuições cuidar de denúncias de maus-tratos e evasão escolar.

A reportagem do Agora visitou cinco unidades em São Paulo. De modo geral, a situação é precária, com instalações velhas e funcionários insuficientes.

Uma das unidades, em Cidade Tiradentes (zona leste), chama a atenção. Pouca coisa ali lembra um espaço para atender jovens em situação de risco. 

A entrada parece um ferro-velho, com carcaças de carros e entulho. As janelas estão sempre fechadas: é para evitar a entrada de ratos e outros bichos, e infiltrações prejudicam os computadores.

Os problemas se estendem a outros conselhos. Faltam também materiais básicos e recursos humanos. Até a privacidade nas consultas, um sigilo exigido por lei, é falha. Muitos espaços não contam com salas para atendimentos individualizados, e é possível ouvir a conversa dos menores com os conselheiros.

A gestão Bruno Covas (PSDB) diz que as administrações regionais farão vistorias para tomar providências. Novos servidores também estariam sendo convocados para suprir os cargos administrativos. 

Como se vê, briguinhas políticas são só um detalhe diante do descaso do poder público no cuidado com essas crianças. Elas merecem muito mais que isso.

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