A Secretaria Municipal da Educação tem mais de 82 mil funcionários. Praticamente dois em cada três servidores da prefeitura da capital trabalham na pasta. Entre eles, um se destaca pela longevidade na carreira pública.
O servidor mais antigo em atividade da secretaria é o professor Carlos Alberto de Oliveira, 69 anos. Há 27 anos, ele trabalha como diretor na mesma escola, a Emef (Escola Municipal de Educação Fundamental) Embaixador Raul Fernandes, localizada na Brasilândia (zona norte de SP).
Oliveira começou a trabalhar em 1971. Ele vem acompanhando, ao longo de quase cinco décadas, as transformações no ensino e no comportamento de crianças e adolescentes.
"Antigamente, os alunos formados saíam mais bem preparados. Atualmente, não. A educação piorou em todos os níveis", afirma o diretor Oliveira.
"No passado, os professores davam mais conteúdo do que é passado hoje e os alunos assimilavam mais. Hoje em dia, em termos de comparação, só é ministrado um conhecimento superficial", argumenta.
Apesar da constatação, o diretor continua seu trabalho com animação e entusiasmo, sem se abater com as dificuldades que permeiam há anos o ensino público.
Oliveira tem um lema que carrega consigo desde que virou diretor. "Dos meus eu cuido", costuma falar para exemplificar seu estilo de trabalho.
"O diretor de escola não pode ficar parado com as limitações do poder público. Precisa encontrar soluções para sua escola ter o melhor desempenho possível", afirma.
A escola que comanda tem atualmente cerca de 700 estudantes e 34 professores, grande parte desses seus ex-alunos. "É engraçado e curioso. Eu dei aula para a maioria deles e os conheço desde quando eram crianças. Hoje, trabalham comigo", diz Oliveira.
Por uma série de questões burocráticas e por decisão própria, o funcionário mais antigo da secretaria não formalizou a aposentadoria. "Quando me dei conta, não queria mais me aposentar. Ficar fora da escola iria ser muito doloroso para mim, criei vínculos muito fortes. Só vou me aposentar quando for obrigado, quando completar 75 anos. Até lá vou trabalhar normalmente", conta.
Além do diretor da escola, outros 19 funcionários da Educação estão trabalhando há 40 anos ou mais no serviço público municipal.
Projeto
Um dos principais projetos que o diretor Carlos Alberto de Oliveira se orgulha, nesses 27 anos de trabalho na escola, foi a implantação do sistema de monitoramento por câmeras, no início dos anos 2000.
"Eu acho que cuidar da segurança dos alunos também faz parte das atribuições do diretor. Coloquei nove câmeras na escola e, no começo, houve muita desconfiança sobre a questão da privacidade. Mas os resultados se mostraram positivos", afirma.
Oliveira chegou até a ganhar o apelido, na época, de "diretor Rota", por ser considerado rígido por alguns pais e alunos. Trata-se de uma alusão às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, do Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar. Mas ele não se incomodou com a pecha imposta pelos estudantes.
"Antes pecar pelo excesso do que pela falta. Nós sabemos quem entra e sai da escola a todo momento, temos controle de tudo. O massacre que ocorreu em Suzano não teria chance de acontecer por aqui", garante o servidor mais experiente da secretaria.
Oliveira é divorciado, tem dois filhos e dois netos. Possui formação acadêmica em pedagogia e letras.
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