A Polícia Civil descobriu, nesta quarta-feira (3), uma casa de prostituição que funcionava com um karaokê no Bom Retiro (região central), e libertou 14 chinesas que eram obrigadas a se prostituir e viviam sob cárcere privado.
O dono do estabelecimento, a mulher dele e outra mulher, que possivelmente gerenciava o karaokê, foram presos. Todos também são chineses. Os funcionários do local não foram detidos.
De acordo com o delegado-titular do 2° DP (Bom Retiro), Antônio Sucupira Neto, a polícia chegou ao local por meio de duas denúncias. A primeira, anônima, foi feita há 15 dias.
A outra veio por meio de um primo de uma das moças, de Pequim. Com o celular de um cliente, ela ligou para o pai, na China, e relatou as condições em que vivia em São Paulo.
O primo dela veio à capital paulista, procurou a embaixada da República da China no Brasil e foi orientado a comparecer ao 2º DP. Com a ajuda de um policial que fala mandarim, o rapaz foi ouvido pelo delegado.
A polícia contou que, quando chegou ao estabelecimento, encontrou as 14 chinesas distribuídas em sete quartos com condições precárias de higiene, odor ruim e infiltrações. Aparentemente, elas são maiores de idade. Algumas viviam no lugar havia seis meses. Nenhuma fala português. Elas portavam passaporte, celular com chip chinês, que não funciona no Brasil, e bolsas com pertences pessoais, preservativos, óleos e bebidas alcoólicas.
Uma das chinesas relatou ao delegado que foi aliciada na China com promessa de emprego no ramo de confecção. Ao chegar no aeroporto, foi levada diretamente à casa. Assim aconteceu com as demais.
"Quando não se prostituíram, elas eram obrigadas a acompanhar e divertir os clientes no karaokê para que gastassem dinheiro. Sair do local era proibido, exceto quando acompanhadas por um dos funcionários", explica o delegado.
Uma parte da quantia arrecadada com os programas era entregue à gerência do estabelecimento, que só recebia clientes chineses e com indicação.
Os presos passarão por audiência de custódia nesta quinta-feira (4). Cabe à juíza corregedora encaminhar ou não o caso à Polícia Federal para apurar o tráfico internacional de mulheres.
O delegado afirmou que ainda não há indícios que apontem a participação da máfia chinesa.
Apoio
O cônsul-geral adjunto da China, Sun Renan, compareceu à delegacia na noite desta quarta. Durante entrevista, Renan disse que as vítimas têm um local provisório para ficar, mas não informou onde fica.
Segundo Renan, o consulado trabalha na identificação das mulheres e prometeu uma solução rápida para a situação.
Além disso, o órgão oficial do governo chinês afirmou que vai auxiliá-las no que for preciso em suas necessidades. O cônsul também disse que as chinesas não manifestaram desejo de retornar à China.
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