O cinema nos deu filmes, estrelas e diretores inesquecíveis. E fazem parte do nosso imaginário as aberturas dos longas, com os logotipos dos estúdios. Eles estão há décadas nas telas e nas mentes dos espectadores.
Um exemplo é o leão da MGM, do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer. A primeira aparição do felino, com sua juba suntuosa, aconteceu em 1924, mas ainda sem seu rugido peculiar. Isso porque estávamos na era do cinema mudo.
O logotipo original com o leão havia sido criado anos antes pelo designer Howard Dietz, para a Goldwyn Pictures, empresa que se uniu à Metro Pictures Corporation e à Louis B.Mayer Produções para formar um dos grandes estúdios de Hollywood. Dietz disse que escolheu o leão como uma homenagem à Universidade de Columbia e à equipe esportiva da instituição, apelidada de “Leões”.
O primeiro leão se chamava Slat e havia nascido no zoológico de Dublin. Nas aberturas dos filmes, só olhava para os lados. Slat foi ‘o rosto’ da MGM até 1936, quando morreu. Seu treinador levou os restos mortais para uma fazenda e os enterrou sob a lápide “para manter o espírito do leão”.
Seu substituto foi Jackie, o primeiro leão da MGM a ter rugido, capturado por gramofone, e também o primeiro em Technicolor, na abertura de “O Mágico de Oz”. Vindo do Sudão, participou de mais de cem filmes. Recebeu o nome de Leo, o mesmo de seus sucessores (houve cinco ou sete Leos, as informações não são precisas).
Em 1927, para promover o estúdio, o leão foi colocado em uma gaiola de vidro em um avião monomotor. Após cinco horas de voo, a aeronave caiu no Arizona. Jackie, ou Leo, e o piloto sobreviveram quatro dias no deserto. Conta-se que, quando o piloto ligou para os executivos da MGM para contar o que havia passado, ouviu, de primeira: “Como está o leão?”.
Jackie/Leo foi o leão da MGM por 28 anos. Foi sucedido por dois felinos, Coffe e Telly. Depois veio Tanner/Leo, o mascote do estúdio na era de ouro de Hollywood, entre 1934 e 1956. Foi o terceiro leão mais longevo da MGM, ficando atrás de Jackie e do atual, nascido Leo, como o nome do mascote.
Desde 1957 na abertura dos filmes da MGM, Leo também veio do zoológico de Dublin. Foi o leão mais novo a gravar o rugido do estúdio. Além de estampar a marca da MGM, participou de filmes e seriados de TV, como Tarzan. E em 2014 deixou sua marca na Calçada da Fama de Hollywood, na festa dos 90 anos do estúdio.
'Dama da tocha' da Columbia personifica os EUA
Assim como o leão da MGM, a mulher na abertura da Columbia Pictures também já está gravada na mente dos espectadores. Apelidada de ‘dama da tocha’, ela representa a personificação da América. Ela já foi representada por várias mulheres, mas só a mais recente foi identificada.
O logotipo é usado desde os anos 1920. Inicialmente, a mulher era uma espécie de guerreira, com um escudo e ramos nas mãos. Em 1924, surgiu a versão que continua nos filmes da Columbia. Com um túnica, ela segura uma tocha brilhante, lembrando a Estátua da Liberdade.
Até os anos 1990, várias mulheres foram à imprensa americana reivindicando o posto de ‘‘dama da tocha’. A Columbia, no entanto, sempre disse que não há registros históricos de que alguma delas tenha realmente inspirado as várias versões da dama.
Quem vemos nas telas hoje é a designer gráfica Jenny Joseph. Em 1992, ela posou para a fotógrafa Kathy Anderson usando uma túnica e segurando a tocha.
O pintor Michael Deas, amigo de Kathy, havia sido convocado pela Columbia para modernizar o logotipo e pediu ajuda à fotógrafa. A nova imagem foi baseada nas fotografias de Jenny.
Em entrevistas, a designer, que nunca havia sido modelo nem voltou a fazer trabalhos assim, disse que foi escolhida porque se parecia com a ‘dama da tocha’ original.
Montanha e prédio são inspiração da Paramount
A montanha da Paramount, envolta por estrelas, é outra velha conhecida dos espectadores de cinema. Está na abertura dos filmes do estúdio desde 1916, quando a Paramount surgiu da fusão de três empresas, produtoras e distribuidoras de longas.
O logotipo foi criado por W.W.Hodkinson, fundador de uma das empresas que originaram o grande estúdio, também chamada Paramount. Hodkinson usou o nome de um prédio pelo qual passava com frequência em sua vizinhança para dar nome a seu empreendimento.
Já uma montanha de sua infância em Utah foi a inspiração para o desenho. Muitos afirmam que o logotipo representa um monte no Peru, sem comprovação.
As estrelas ao redor da montanha, segundo o estúdio, representavam os 22 astros de cinema que Hodkinson tinha contratado. E também significava que a Paramount tinha mais estrelas do que o céu.
No ano que vem, uma nova versão da marca será lançada, em conjunto com o serviço de streaming da Paramount.
Mascote da Pixar apareceu em curta do estúdio
A Pixar, estúdio de animação com mais de 30 anos de história, também tem sua marca registrada na abertura de seus filmes. É a lâmpada Luxo, que pula entre as letras do nome Pixar e esmaga o ‘i’ para tomar seu lugar.
A já famosa lâmpada surgiu no curta-metragem “Luxo Jr.”, de 1987. A Pixar era uma nova empresa, formada após Steve Jobs comprar a divisão de computação gráfica da produtora de George Lucas, o criador da saga Star Wars. Na época, o estúdio tinha 40 funcionários e havia fechado sua primeira parceria com a Disney.
Estreia na direção de John Lasseter, que depois encabeçaria projetos pioneiros e de sucesso como “Toy Story” e “Vida de Inseto”, “Luxo Jr.” foi o primeiro filme de animação digital a concorrer ao Oscar, na categoria de melhor curta de animação, em 1987.
Hoje, além das aberturas dos filmes produzidos pela Pixar, a lâmpada está na entrada da sede do estúdio, na Califórnia, em uma versão gigante.
Terra representa a Universal desde os anos 1920
Apenas um planeta inteiro seria suficiente para a Universal, um dos estúdios mais antigos do mundo, fundado em 1912. Na primeira versão do logotipo, no entanto, a Terra não aparecia. No desenho havia um globo, envolto por anéis, parecendo-se mais com o planeta Saturno.
O estúdio adotou a Terra em sua vinheta a partir dos anos 1920. Em uma das versões da década, um avião circundava o planeta. Nos seguintes, o globo terrestre rodava, com o nome Universal sobre ele.
Entre o final dos anos 1990 e a primeira década dos anos 2000, surgiu a primeira versão digital da abertura. Nela, luzes emergem da Terra, e lentamente os continentes vão surgindo, antes de aparecer o nome do estúdio na tela.
Em 2012, para comemorar seus cem anos, o estúdio remodelou o logotipo e a abertura dos filmes, acrescentando a marca do centenário da Universal. Mais recentemente, a empresa voltou a atualizar sua marca, diminuindo o alo branco que circundava o globo terrestre.
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