O cineasta Brian de Palma, que ao lado de Martin Scorsese, Steven Spielberg, Francis Ford Coppola e George Lucas fez parte da Nova Hollywood, geração que revolucionou a indústria do cinema nos EUA nos anos 1960 e 1970, completa 80 anos no dia 11.
Autor de filmes já considerados clássicos, como “Vestida para Matar”, “Carrie, a Estranha” e “Os Intocáveis”, De Palma se encontrou com a arte cinematográfica na juventude, quando fazia faculdade de física. Frequentava uma sociedade de cinema que exibia curtas de vanguarda feitos pelos alunos.
Nessa época, fez seus primeiros filmes e ingressou em uma pós-graduação em cinema. “Isso me deu o impulso para me tornar um diretor”, conta o cineasta no documentário “De Palma”, em que ele repassa sua carreira, filme a filme, e seu processo de criação. E foi com os colegas de pós que realizou seus primeiros longas.
Em 1972, após sete obras independentes, conseguiu seu primeiro sucesso, “Irmãs Diabólicas”. No longa, usou a técnica ‘split screen’, que se tornou uma de suas marcas, em que divide a tela em duas cenas simultâneas.
Logo depois, foi convidado a dirigir “Carrie, a Estranha” por um grande estúdio. Foi uma das principais bilheterias do ano, apesar de os executivos do estúdio acharem o filme muito violento.
Nele, o diretor também mostra sua capacidade para “preparar” a ação, em que cria o suspense, faz o espectador imaginar o que vai acontecer, como ele mesmo diz no documentário “De Palma”. “Hitchcock dizia que a preparação é o mais interessante”, afirma.
A citação ao diretor inglês não é gratuita. De Palma também ficou conhecido como um discípulo de Hitchcock, e com várias citações ao mestre em seus filmes. “Ele criou um incrível vocabulário narrativo. Fui o artesão que pegou o que ele inventou e incorporou ao estilo que estava desenvolvendo”, diz De Palma, no documentário.
Após “Carrie”, De Palma teve outros grandes sucessos e também filmes que não foram tão bem de bilheteria e receberam críticas duras. O auge de sua produção ocorreu entre os anos 1970 e 1990.
“O período criativo da maioria dos diretores é seus 30, 40 e 50 anos. Eles podem fazer outros 20 ou 10 filmes, mas só falamos dos que eles fizeram entre os 30 e os 50 anos”, analisa.
Talvez esteja certo, mas um filme “menor” de um grande diretor nunca deve ser desperdiçado. Assim, convido os leitores a descobrirem obras não tão conhecidas, como “Pagamento Final”, que o diretor considera ser um de seus melhores longas.
'Os Intocáveis', um filme mágico
Um “filme mágico”. Assim De Palma define “Os Intocáveis”, uma de suas melhores obras, sucesso de crítica e bilheteria. “Estávamos preocupados com o número de espectadores em potencial. E arrasamos o quarteirão no primeiro fim de semana. ‘Os Intocáveis’ foi um daqueles filmes mágicos. E poucos acontecem na carreira”, afirma, em “De Palma”.
No documentário, o cineasta também conta bastidores do filme. Uma das melhores passagens é a irritação de Sean Connery, que interpreta o policial Malone, ao rodar a cena em que o personagem é metralhado.
“Quando fiz Sean levar aqueles tiros, ele ficou furioso comigo. Ele nunca tinha usado sangue cenográfico. Falei: ‘Você é James Bond e nunca levou um tiro?’ ‘Não!’”, relata, aos risos.
Outro momento mágico foi o primeiro “Missão Impossível”, uma superprodução com o astro Tom Cruise. Uma das cenas mais famosas do longa, a que o agente Ethan Hunt fica pendurado em uma sala da CIA e uma gota de suor pode colocar tudo a perder, foi ideia de De Palma.
“‘Missão Impossível’ é como ‘Os Intocáveis’ ou ‘Vestida para Matar’, tudo deu certo. Sabíamos que seria um sucesso”, diz no documentário.
Diretor trabalhou com grandes compositores
No documentário, De Palma fala dos compositores de trilhas sonoras com quem trabalhou: Bernard Herrmann, autor das músicas de vários filmes de Hitchcock, e Ennio Morricone.
O diretor conta que, ao rodar “Irmãs Diabólicas”, o editor usava a trilha de “Psicose”, de Herrmann, como fundo de algumas cenas. Foi quando convidaram o compositor para fazer a música de “Irmãs”.
"Ele veio ver o longa. Chegou mal humorado e perguntou: ‘onde está o filme?’”, diz De Palma. Então, exibiram “Irmãs” com a trilha de “Psicose”.
“Ao ouvir aquilo ele gritou: ‘Parem o projetor! Não consigo ouvir isso!”’, conta De Palma, no documentário. A equipe, então, apresentou o longa sem som. E Herrmann fez a trilha do filme.
Já Morricone fez a música de “Os Intocáveis”. “Ele viu o filme e fomos para o estúdio, onde tocou quatro temas. Todos eram perfeitos. Para o quinto, ele me mandou umas nove versões até eu dizer: ‘é este’”, conta o diretor.
ONDE VER
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Dia 13: maratona em comemoração aos 80 anos do diretor, a partir das 15h05, com os filmes “Carrie, a Estranha”, “Scarface” e “Os Intocáveis”
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