Numa briga pública e chula pelo controle do partido, o presidente Jair Bolsonaro e o PSL oferecem ao país um espetáculo vergonhoso.
O capítulo mais recente dessa novela de mau gosto aconteceu nesta segunda-feira (21). Em nova reviravolta, o deputado Delegado Waldir (GO) decidiu entregar o cargo de líder da legenda na Câmara a Eduardo Bolsonaro (SP), o filho “zero-três” do presidente. Sim, aquele mesmo que até outro dia só falava em ser embaixador em Washington (EUA).
A operação panos quentes parece ter entrado em ação. “Já estarei à disposição do novo líder”, anunciou o Delegado Waldir. O tom ameno contrasta com as baixarias da semana passada.
Bolsonaro havia se empenhado em trocar Waldir por Eduardo. A manobra fracassou, e o primeiro se segurou no cargo com apoio da maioria da bancada.
O parlamentar se disse traído pelo presidente, ameaçou implodi-lo e chegou a chamá-lo de vagabundo.
A partir daí as duas facções trocaram ofensas e retaliações. Bolsonaro expulsou Joice Hasselmann (SP) da liderança do governo no Congresso, rompendo com uma aliada de primeira hora. Na sexta (18), a ala liderada pelo deputado Luciano Bivar (PE) ampliou seu controle sobre o diretório nacional do PSL e tomou medidas contra os bolsonaristas.
É difícil acreditar que a poeira já tenha baixado —Joice havia insinuado que desvios do passado poderão vir à tona.
Em meio ao show de horrores, provavelmente motivado pelos fundos milionários disponíveis para a próxima campanha eleitoral, Bolsonaro poderá ficar ainda mais isolado no Congresso e dependente de siglas tradicionais, como MDB e DEM. O custo promete ser alto.
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