Bolsonaro e os índios
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O que esperar de um presidente da República capaz de dizer que o índio "está evoluindo" e é "cada vez mais [...] um ser humano igual a nós"? Em matéria de política indigenista, o pior, claro.
Jair Bolsonaro discursa e age de acordo com a ultrapassada visão dos militares de que os povos indígenas e suas terras representam ameaça à soberania nacional e à integridade do território. Essa visão privilegia uma suposta integração do índio à sociedade --na verdade, a intenção é modificar a sua cultura.
Essa ideia também vai contra o que diz a Constituição Federal sobre os índios. O artigo 231 determina à União reconhecer e proteger sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos originários sobre as terras tradicionalmente ocupadas, que lhe compete demarcar.
Há quem veja por trás da política anti-indigenista de Bolsonaro apenas a cobiça de grileiros, pecuaristas, garimpeiros e mineradoras. Parece evidente, entretanto, que a exterminação cultural com certos interesses religiosos também faz parte dos planos do governo.
Dá-se como quase certa, agora, a escolha de um missionário evangélico para a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, da Funai. Ele é da organização americana Novas Tribos (rebatizada Ethnos360), que tem por missão converter à fé cristã 2.500 povos nativos em dezenas de países.
Ao que parece, o Planalto pretende pôr fim à política da Funai, inspirada no marechal Cândido Rondon, de preservar o isolamento cultural e sanitário de 28 povos vulneráveis da Amazônia. Nessa empreitada, vale até mesmo abrir as portas para uma ONG internacional com objetivos globalistas.