É preciso adiar o Enem
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A esta altura, com a epidemia de Covid-19 ainda avançando no país, parece inevitável que a suspensão das aulas presenciais, sem data para terminar, vá bagunçar todo o calendário escolar.
Por isso é preciso pensar no que fazer com o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, hoje o principal meio de acesso às universidades federais. Não é à toa que entidades como o Conselho Nacional dos Secretários de Educação e a Defensoria Pública da União, venham defendendo o adiamento do teste.
Trata-se de uma proposta que deveria ser acatada pelo Ministério da Educação. Afinal, a crise tende a prejudicar mais os estudantes pobres, além de aumentar a diferença entre as redes privada e pública (onde estudam mais de 80% dos alunos de ensino médio do país).
Enquanto estudantes do primeiro grupo seguem, bem ou mal, tendo aulas por meios virtuais, mantendo assim algum tipo de rotina escolar, os do segundo têm permanecido, na imensa maioria, sem instrução ou acompanhamento.
Isso se deve não apenas à precariedade geral dos colégios públicos. Uma parcela grande de famílias não dispõe de aparelhos que permitam aos jovens acessar o conteúdo didático a distância.
Cerca de um terço dos brasileiros não possui acesso à internet, caso também de 43% das escolas rurais do país.
Apesar de tudo isso, o MEC tem insistido em manter as datas do exame. O ministro Abraham Weintraub atribui os pedidos de adiamento a partidos de esquerda e afirma que o coronavírus “atrapalha todo mundo”.
Weintraub já fez muita trapalhada no Enem do ano passado, se metendo até no conteúdo da prova. Ele ainda tem tempo para evitar mais um erro.