A travessia da crise da Covid-19 não será simples, nem curta, ao menos enquanto não houver vacina ou remédio disponível contra o coronavírus.
Passado pouco mais de um mês desde que a doença entrou no cotidiano de grandes cidades, como São Paulo, notam-se sinais de afrouxamento na exemplar disposição da maioria de colaborar pelo bem comum —ficando em casa.
As imagens de ruas com mais movimento parecem agora refletidas em números. Pesquisa do Datafolha mostra que 68% dos brasileiros acham que é mais importante ficar em casa durante a crise, ainda que isso cause danos à economia e aumente o desemprego.
O percentual é elevado, mas no levantamento feito duas semanas antes eram 76%. É uma queda que merece a atenção das autoridades.
A mesma pesquisa também mostra apoio minoritário, mas resistente, ao presidente Jair Bolsonaro, principal divulgador no país de ideias disparatadas para evitar quarentenas e seus danos econômicos durante a emergência.
Segundo o instituto, a aprovação ao modo como o presidente gerencia a crise oscilou: de 33% para 36%, em empate técnico com a reprovação (38%).
A permanência de uma parcela não desprezível do eleitorado fiel a Bolsonaro —a despeito da demissão de um ministro da Saúde popular— sugere que a conduta do presidente será mantida.
Talvez o agravamento da situação nos hospitais possa esfriar os ânimos dos que querem deixar o isolamento. De todo modo, cabe aos responsáveis, a começar pelo novo titular da Saúde, Nelson Teich, deixar picuinhas de lado e investir no melhor remédio disponível agora: a informação correta e transparente.
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