Golpista de araque
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Jair Bolsonaro agrediu a Constituição, no domingo (19), ao discursar em ato que defendia a volta da ditadura. Não foi a primeira vez em que o presidente escancarou seus delírios ditatoriais.
As referências à chamada velha política ou algo que o impeça de governar não passam de discurso vazio. Desde o início, Bolsonaro demonstra apego a pautas menores. Seu horizonte mental não vai além de multas de trânsito, porte de armas e bate-boca em redes sociais.
O que ele diz querer neste momento —e serviu de pretexto para a irresponsável aglomeração de domingo— constitui tão somente seu desejo patético de arruinar a democracia no Brasil.
De forma quase unânime, as autoridades sanitárias concordam que não é hora de relaxar o isolamento social.
O golpista da carreata não tem seus impulsos contidos apenas por governadores e prefeitos, Congresso e Supremo Tribunal Federal. É desobedecido também por subordinados, como o ministro da Saúde, o novo ou o anterior, e os generais que o cercam no Planalto.
Bolsonaro investe contra alvos fáceis, como o Legislativo e o Judiciário. Mas a alternativa que sugere agora, com atrevimento inédito, é populista e autoritária.
Seu discurso ganha o apoio apenas de uma minoria fanática que fala em AI-5 sem conhecer seu terrível significado.
A política tem suas imperfeições, mas as melhores respostas à crise ainda partem da democracia. Por interesses eleitorais ou não, governadores, prefeitos e parlamentares têm trabalhado para aliviar os impactos na saúde e na economia.
Enquanto Bolsonaro grita contra inimigos imaginários, espera-se que as instituições façam desse rugido golpista um miado sem consequências.