A tal da cristofobia
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Um punhado de vândalos ateou fogo a duas igrejas católicas, no domingo (18), em Santiago do Chile, no primeiro aniversário dos protestos contra a desigualdade. Apesar de as manifestações terem sido marcadas por atos violentos, a religião, até então, não havia sido alvo.
Alheio a esse contexto, um destrambelhado Jair Bolsonaro aproveitou o incidente para voltar a falar em cristofobia, como já havia feito em seu discurso na ONU no mês passado. Isso não passa de mais uma bandeira para a inflamar seguidores do bolsonarismo.
A perseguição a grupos cristãos é uma realidade em outras partes do mundo, principalmente em países muçulmanos, mas não na América Latina.
No continente de colonização católica, o cristianismo continua, na prática, soberano. É verdade que a proporção de católicos caiu ao longo das últimas décadas, mas quem ganhou mais espaço foram as igrejas evangélicas neopentecostais, também de orientação cristã.
Sabe-se ainda que há certas tensões entre as duas correntes, mas que já foi até maior no passado. Hoje, católicos e evangélicos frequentemente se aliam em torno da pauta de costumes, como adotar uma postura contrária ao aborto.
Isso não quer dizer, no entanto, que não exista violência religiosa no Brasil. Em níveis bem menores do que no resto do planeta, a intolerância atinge mais as religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, ainda que praticadas por apenas 0,3% da sociedade.
A América Latina se vê hoje, portanto, poupada do pior em termos de violência religiosa. Em contrapartida, foi historicamente amaldiçoada com pragas como o populismo, do qual Bolsonaro é um ilustre representante.