Carta contra Bolsonaro
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Os mercados, em especial os financeiros, reagiram bem à vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018. A agenda liberal abraçada por ele de última hora, a confiança em seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e o medo de um retorno do PT com Fernando Haddad certamente ajudaram nesse processo.
Agora, o desgoverno mortal da pandemia e, por extensão, da economia chegou ao ponto de provocar uma raríssima manifestação dos mundos empresarial e financeiro contra o presidente.
Em carta aberta divulgada no domingo (21), mais de 500 nomes, entre eles banqueiros, empresários, ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central e acadêmicos, denunciam sem meias palavras a incompetência, a negligência e a sabotagem às políticas sanitárias por parte da administração federal.
“O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração e o flerte com o movimento antivacina caracterizaram a liderança política maior do país”, diz o texto, sem a necessidade de citar nomes.
A carta lembra ainda o vergonhoso atraso da imunização e a falta de planejamento do auxílio emergencial. São críticas duríssimas e poderosas, que Bolsonaro não pode atribuir a conspirações da oposição, da esquerda, da imprensa ou de algum outro de seus fantasmas.
Embora o presidente preserve o apoio de uma parcela minoritária, mas ainda expressiva, do eleitorado, sua patifaria irracional o isola na sociedade.
Apesar de tudo, Bolsonaro mantém chances de se fortalecer com o avanço da vacinação, a recriação do auxílio emergencial e alguma retomada da economia. Ironicamente, ele próprio é o maior obstáculo a tais melhoras.