Com enorme atraso, o governo Jair Bolsonaro se prepara para lançar uma nova versão do auxílio emergencial, visando socorrer trabalhadores informais e famílias mais pobres neste período de piora da pandemia.
O Congresso aprovou uma proposta de emenda constitucional que autoriza o Executivo a gastar R$ 44 bilhões com o benefício, fora do teto fixado para as despesas federais —é bem menos que os cerca de R$ 300 bilhões desembolsados com o benefício em 2020, porque o Tesouro Nacional está na pindaíba.
A prorrogação do auxílio deveria ter sido planejada no ano passado, mas Bolsonaro recusou a proposta da equipe econômica de usar grana de outros programas sociais para criar uma espécie de Bolsa Família reforçado.
O pessoal de Brasília também imaginou que a pandemia daria trégua neste início de 2021. Deu tudo errado: os números de casos e mortes voltaram a bater recordes, forçando governadores e prefeitos a promoverem novas medidas de restrição a atividades.
Com tudo isso, perdeu-se o primeiro trimestre. A economia do país afundou mais uma vez, e quem não pôde trabalhar ficou sem nenhum amparo —fora uma ou outra ajuda municipal ou estadual, dependendo da região.
O ideal seria pagar o benefício com a grana do Orçamento, cortando, por exemplo, privilégios de políticos e servidores. Em vez disso, o governo vai ter de tomar mais dinheiro emprestado.
Bolsonaro aposta no auxílio para recuperar ao menos parte da popularidade perdida com a gestão desastrosa da pandemia. Mas, se não cuidar das contas do governo, o tiro pode sair pela culatra com outra crise econômica.
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