O publicitário e influenciador digital Jorge Freire Júnior, 48 anos, afirma que foi salvo de uma arritmia cardíaca graças ao seu relógio inteligente. Esse tipo de aparelho costuma medir a pulsação, e o que Júnior usava enviou alerta de que algo estava errado quando constatou que os batimentos estavam em 170 por minuto. Ele conta que correu ao hospital de Sorocaba (99 km de SP), onde foi medicado e estabilizado.
O caso ocorreu em 27 de dezembro, e Júnior postou seu relato no Instagram nesta semana.
Conhecido na redes sociais como Nerd Pai, ele falou ao Agora que foi até a capital paulista para entregar um carro e retornou para Sorocaba de ônibus. Quando chegou, desembarcou, deu alguns passos e constatou que seu relógio lhe havia enviado uma notificação. “Quando verifiquei, o aparelho me informou que eu estava com meus batimentos cardíacos em 170, mesmo sem eu ter feito nenhum esforço."
Ele acrescentou que não sentia nenhum sintoma, como dor ou falta de ar, e que, graças ao relógio, pôde identificar que "algo estava errado". O influenciador disse que resolveu ir para casa, onde se deitou por dez minutos para ver se a medição se normalizava. Porém, seus batimentos ficaram em 160, mesmo com ele deitado.
Por causa disso, Júnior diz que foi a um pronto-socorro, perto de sua residência, onde constataram que estava com a pressão alta (16 por 10), além da frequência cardíaca compatível com a indicada pelo relógio. Ele foi levado para o Centro de Tratamento Intensivo do local, onde estabilizaram seus batimentos com medicação.
“Os médicos confirmaram que meu Apple Watch estava 100% correto no diagnóstico de meu estado”, disse Júnior.
O influenciador disse ainda que “levou uma puxada de orelha” do médico que o atendeu, pois Júnior não estava tomando corretamente seus remédios para pressão alta. Além disso, estresse, ansiedade e sedentarismo teriam ajudado para a arritmia sofrida por ele. “Agora vou me cuidar. Já voltei a tomar o remédio direito e vou voltar a me exercitar”, afirmou.
Ferramenta para a medicina
O médico Philipe Rachas Saccab, coordenador da UTI cardiológica do Hospital Beneficência Portuguesa de Santos (72 km de SP), afirmou que o monitoramento cardíaco feito por relógios inteligentes é “um grande ganho” para a medicina.
O médico explicou que arritmia é quando os batimentos cardíacos, com a pessoa em repouso, ficam abaixo de 50 ou acima de 100. Porém, a pessoa precisa observar sintomas, como falta de ar, dor no peito e pressão baixa, que são sinais de que o médico deve ser procurado imediatamente.
Ele acrescentou que o aparelho contribui para que médicos tenham novas informações sobre as condições de pacientes, em tempo real, por conta do monitoramento inteligente. “Isso ajuda a se pensar se vale ou não vale a pena realizar intervenções [com medicamentos]”, explicou.
O cardiologista afirmou que há casos de arritmia que não demandam uso de remédio, que pode acarretar em efeitos colaterais desnecessários como, em situações extremas, sangramento do estômago ou na região da cabeça.
Calculando os batimentos
Segundo a Apple, o sensor óptico de frequência cardíaca do Apple Watch usa uma tecnologia chamada de fotopletismografia.
Apesar do nome complicado, o funcionamento da tecnologia é simples. Como o sangue é vermelho, ele absorve luz verde. O relógio inteligente conta com LEDs verdes, associados a equipamentos sensíveis à luz, para detectar a quantidade de sangue que flui pelo pulso do usuário, a qualquer momento. "Quando o coração bate, o fluxo de sangue no pulso [e, portanto, a absorção de luz verde] é maior. Entre batimentos, o fluxo é menor", afirma a empresa.
Pelo fato de os LEDs piscarem centenas de vezes por segundo, o relógio consegue calcular o número de vezes que o coração bate, por minuto. O sensor óptico, acrescentou a Apple, é compatível com um intervalo de 30 a 210 batimentos por minuto.
Sinais de perigo
Ir imediatamente ao hospital quando sentir:
- Falta de ar
- Dor no peito
- Pressão baixa
A arritmia cardíaca ocorre
- Abaixo de 50 batimentos, em repouso
- Acima de 100 batimentos, em repouso
Fonte: Philipe Rachas Saccab, coordenador da UTI cardiológica do Hospital Beneficência Portuguesa de Santos
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