Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). No Brasil, não é diferente. Para se ter uma ideia, 1.000 pessoas morrem por dia no país por esse tipo de doença. Por ano, são cerca de 400 mil mortes. Do total, cerca de 35% das vítimas de doenças cardiovasculares são de idosos, de acordo com estudo da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).
"É o maior desafio de saúde pública do Brasil. Pelos custos, pela alta taxa de mortalidade e pelas doenças que causam isso, como a hipertensão, a diabetes, o excesso de peso, colesterol alto etc.", alerta o médico José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
O problema tem se agravado com o envelhecimento da população, segundo o especialista. De uma população estimada de 20 milhões de idosos --pessoas acima dos 60 anos--, cerca de oito milhões sofrem de hipertensão. Acima dos 80 anos, por exemplo, a cada dois idosos, ao menos um é hipertenso.
A morte pelas doenças cardiovasculares é consequência de fatores de riscos considerados clássicos: hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto em decorrência da má alimentação, do excesso de peso e do sedentarismo.
"Dados da OMS dizem que se você não fumar, se fizer exercícios regularmente, tiver uma dieta adequada, manter um peso adequado, ingerir bebidas alcoólicas moderadamente e se tratar de doenças como a hipertensão, a diabetes e o colesterol alto, você reduz em 85% a chance de vir a morrer de doença cardiovascular", diz Saraiva.
No caso dos idosos, a atenção por parte da saúde pública deveria ser redobrada. "O envelhecimento faz com que haja um aumento substancial do percentual de pacientes com uma arritmia chamada fibralação atrial. O ritmo cardíaco normal é marcado por um marca passo natural; cada um nasce com seu marca passo próprio, que ao longo do tempo sofre um desgaste. Esse desgaste leva a essa arritmia, chamada fibralação atrial, que tem uma característica muito perigosa para o idoso, por formar coágulos dentro do átrio [cavidade do coração que recebe o sangue venoso] e esses coágulos vão para a cabeça, causando o AVC e o derrame", explicou o cardiologista Ricardo Pavanello.
Prevenção deve começar desde a infância, diz médico
A prevenção já a partir da infância e da adolescência é fundamental para a redução das doenças cardiovasculares no Brasil.
"A prevenção começa na escola, ensinando as crianças a comerem bem, por exemplo. Uma criança obesa vai ser obesa, hipertensa e diabética na vida adulta", disse o médico José Francisco Kerr Saraiva.
Cuidados simples, como uma boa higiene bucal, também contribuem para evitar doenças do coração. "A saúde dental e, principalmente, a gengival em ordem evita o acúmulo de resíduos de alimentos que possam causar lesões dentárias e serem foco de infecção e inflamação. Essas doenças infecciosas e inflamatórias aceleram as doenças cardiovasculares. Pouca gente aborda esse assunto", afirma o cardiologista Ricardo Pavanello.
Por não ter acesso a tais informações, as classes sociais mais baixas são as mais vulneráveis. "O pobre fuma mais, é mais obeso por não ter acesso a uma alimentação mais adequada. É também mais sedentário. Por isso, apresenta mais riscos", disse Saraiva.
Doenças cardiovasculares
Principais doenças cardíacas
- Pressão alta
A pressão alta é a doença cardiovascular mais comum nos idosos. Este problema na maioria dos casos é causado pela ingestão exagerada de sal na alimentação associada ao sedentarismo e ao histórico familiar
- Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca muitas vezes está relacionada com a presença de pressão alta não controlada ou outras doenças cardíacas não tratadas, que enfraquecem o músculo cardíaco e dificultam o trabalho do coração, provocando uma dificuldade para bombear o sangue
- Cardiopatia isquêmica
O problema surge quando artérias que levam o sangue para o coração ficam entupidas e deixam de fornecer oxigênio suficiente ao músculo cardíaco
- Valvopatia
Com o avanço da idade, homens com mais de 65 anos e mulheres com mais de 75 anos apresentam maior facilidade em acumular cálcio nas válvulas do coração, que ficam mais grossas e endurecem, abrindo com maior dificuldade e dificultando a passagem do sangue dentro do órgão
- Arritmia
A arritmia é mais frequente nos idosos devido à redução de células específicas e à degeneração das que conduzem os impulsos nervosos que fazem o coração se contrair. Desta forma, o coração pode começar a contrair de forma irregular ou a bater com menos frequência
Sintomas
- Falta de ar
- Tosse seca
- Cansaço após caminhar ou subir escadas
- Dores e queimações no peito
- Palpitações
- Inchaço nas pernas
Dicas para evitar doenças cardíacas
- Evite o estresse
O colesterol pode subir após uma crise de estresse, pois quando a pessoa fica ansiosa, seu corpo libera o cortisol, um hormônio que aumenta a concentração de glicose no sangue e, consequentemente, gera problemas com diabetes, alto nível de triglicérides e colesterol descontrolado
- Consuma menos açúcar
Alimentos com elevado teor de açúcar refinado em sua composição, como doces e refrigerantes, provocam o aumento da glicose no sangue
- Consuma óleos vegetais
Azeite de oliva e o óleo de coco são indicados para complementar uma alimentação saudável. Ajudam a reduzir as taxas de LDL, o colesterol ruim, e a aumentar o HDL, o colesterol bom
- Perca peso
Pessoas acima do peso são mais propensas a ter doenças cardíacas, pois exige do coração uma maior potência para bombear o sangue, além de obstruir as artérias
- Consuma pouco sal
O brasileiro consome em média de 12 gramas de sal por dia, o dobro do recomendado para saúde. O alto consumo de sódio é uma das principais causas da hipertensão arterial
- Higiene bucal
Infecções na gengiva são grandes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças do coração. Uma boca bem cuidada pode prevenir o surgimento de doenças como aterosclerose, derrame e doenças do coração
- Não fume
O cigarro aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de formar placas de gordura nos vasos sanguíneos
Fontes: SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e OMS (Organização Mundial da Saúde) e Ministério da Saúde
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